Senado Federal

Planilha com ‘homem da propina de Gim’ relaciona valores a prefeituras paulistas

15.01.20 07:05


A Polícia Federal encontrou em um endereço do consultor José Francisco Pires documentos em que são atrelados valores a prefeituras e vereadores do interior de São Paulo. Pires, segundo delatores da Odebrecht, era quem recebia a propina em nome do ex-senador Gim Argello. Em depoimento, ele disse trabalhar como consultor da Terracom, empreiteira paulista com sede em Cubatão.

Em dezembro de 2018, ele foi alvo de busca e apreensão na Operação Armistício, desdobramento do inquérito que apura o pagamento de propina pela Odebrecht ao senador Renan Calheiros e aos ex-parlamentares Romero Jucá e Gim Argello.

No endereço de Pires, a PF encontrou uma série de planilhas e anotações em que são citados municípios paulistas. Em uma delas, sobre a cidade de Casa Branca, a 230 Km da capital paulista, aparecem os nomes de vereadores relacionados a valores. “Verifica-se aqui planilhas denominadas ‘Planilha Casa Branca’ com data de 27/12/2016 e 19/12/2016 contendo aparentemente anotações de controle de valores a serem pagos, possivelmente, a vereadores do Município de Casa Branca/SP”, diz relatório da PF.

Outra planilha sobre a cidade paulista cita repasses de valor a uma pessoa chamada Marco Cesar, mesmo nome do prefeito de Casa Branca eleito em 2016. “Como já verificado nesta pesquisa, possivelmente Marco César seria o prefeito de Casa Branca/SP”, diz o relatório. A PF também cita em seu relatório uma observação encontrada no documento apreendido. “Obs: Tudo está conversado como orientado pelo Fernando Avanir”, diz o documento. Fernando Avanir, disse Pires em depoimento à PF, é o diretor comercial da Terracom, Fernando Evanyr.

Ouvido pela PF, Pires afirmou que sua função na Terracom era “estabelecer contato com as Prefeituras no intuito de viabilizar projetos de saneamento” e que as planilhas são de projetos que “estariam em desenvolvimento ou apenas em planejamento”. Sobre o documento com valores para vereadores, o consultor disse não se recordar do que se trata.

De acordo com o site da Terracom, a empresa opera a concessão do saneamento em Casa Branca desde 2017, ano seguinte aos repasses citados na planilha apreendida pela PF.

O advogado Raphael Feitosa Fisori, responsável pela defesa de José Francisco Pires, disse que seu cliente é amigo de Gim Argello e afirmou que não há provas sobre ele ter recebido valores em nome do ex-senador. Sobre o material apreendido pela PF, o advogado disse que ele exerce atividade de assessoria na área de saneamento. O prefeito de Casa Branca, Marco Cesar, disse desconhecer as planilhas e as informações citadas no relatório da PF. Sobre José Francisco Pires, o prefeito disse que “esse rapaz transitava muito em Casa Branca na administração passada”.

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  1. Uma vez que esteja exposta a EXTENSÃO e PROFUNDIDADE da corrupção no SETOR PÚBLICO, torna-se praticamente impossível que se negue que o PODER responsável por fazer a DEPURAÇÃO e LIMPEZA DO SISTEMA simplesmente não exerce sua funão. Não só isto, além de não inibir o problema, ele é parte deste, oferecendo SUPORTE e PROTEÇÃO aos CORRUPTOS em troca de FAVORES e VANTAGENS.

  2. Como já dito anteriormente, só se requer algumas amostras para se desvendar os MODI OPERANDI e a TEIA em volta deles. É um trabalho hercúleo e de formiga, mas os frutos são praticamente garantidos. Quanto maior for a profundidade do ataque à REDE, mais LAMBARIS haverá na rede e mais próximo se chegará do CIDADÃO COMUM, mostrando a ele que a corrupção faz parte do seu dia a dia. Certamente que diante disto seria mais simples de se lidar com o maior problema de todos: o JUDICIÁRIO.

  3. Basta se multiplicar o número médio de indivíduos que compõem uma TEIA DE CORRUPÇÃO pelo número de municípios que fazem parte da rede SUBTERRÂNEA para se chegar ao TOTAL DE LAMBARIS que se pode prender. É óbvio que já se pode praticamente colocar prefeitos e vereadores na lista de indivíduos, mas poderia se colocar membros de FORÇAS POLICIAIS e do JUDICIÁRIO que dão cobertura ou recebem algum valor para fazer VISTA GROSSA.

  4. Devido à OBSOLESCÊNCIA dos CORRUPTOS e a NATUREZA ENDÊMICA da operação toda, há uma oportunidade para se realizar uma LIMPEZA PROFUNDA nesta genuína REDE DE ESGOTO que opera nos SUBTERRÂNEOS da república. É pesca com REDE DE ARRASTÃO, para cada EMPREITEIRA CORRUPTA operando na REDE SUBTERRÂNEA, quantos LAMBARIS não há para serem pegos? Se o país tem mais de 5 mil municípios, 10% disto poderia ser arredondado para 500. Para cada um destes municípios, qual seria a TEIA DE CORRUPÇÃO?

  5. As limitações deste método estão somente no nível de granularidade dos MODI OPERANDI identificados, quanto mais refinados e detalhados eles forem, mais dados e informações disponíveis haveria para que se fizesse o cruzamento de dados. Pode ser informações coletadas em bases de dados oficiais ou derivadas de investigações, como as relações e conexões políticas que vinculam os níveis inferiores da REDE SUBTERRÂNEA aos CABEÇAS desta.

  6. Um exemplo bem básico: quais são as prefeituras com as quais a Terracom fez negócios e operou? Pronto, já se há uma lista de possíveis dutos de escoamento do dinheiro público que compõem a REDE SUBTERRÂNEA. Teoricamente, se o número de dados e de informações aumentar, torna-se possível ampliar-se a extensão da REDE. Na verdade, poderia-se checar cada uma das prefeituras brasileiras para verificar se elas não se enquadram nos padrões observados.

  7. Inclusive, quantas formas diferentes há para se DESVIAR RECURSOS PÚBLICOS via prefeituras? E quantas destas formas são adotadas pelos CORRUPTOS? A partir do momento em que se estabeleça os possíveis MODUS OPERANDI utilizados por eles, não seria preciso mais do que uma base de dados com as informações que fosse pré-requisito para se verificar a presença ou não dos MODUS OPERANDI, filtrando-se assim as trilhas pelas quais a REDE SUBTERRÂNEA se envereda.

  8. Só que o calcanhar de Aquiles dos CORRUPTOS é que eles são GULOSOS, MUITO GULOSOS, é mais do que óbvio que eles tentariam expandir o esquema para o máximo de regiões possíveis. Portanto, basta que se desvende o MODUS OPERANDI para que a partir dele se cruze os dados referentes a qq prefeitura ou estado dentro do território nacional para se encontrar as INTERSEÇÕES e SOBREPOSIÇÕES. Afinal, pq uma ocorrência observada em uma LOCALIDADE não se repetirá em outra.

  9. Em decorrência da característica centralizadora do Estado brasileiro que concentra os recursos nas mãos do Governo Federal, governadores e prefeitos não têm que ir com o pires na mão para pedir recursos para obras em suas regiões? Se estes recursos dependem da liberação de Brasília, esta não era uma grande oportunidade para que os CORRUPTOS estabelecessem uma REDE SUBTERRÂNEA operando nos porões da república. Os valores são menores, mas fora do radar.

  10. Sem comentários. Parece que a corrupção está entranhada na totalidade da política brasileira. E nós assistimos impassíveis , só arredondando nosso biquinho e falando “noossaaa”. Estamos assistindo a um congresso que perdeu a vergonha blindando seus pares,sem dar a mínima para a opinião pública. Parece que se depender de nós, brasileiros, esse país que já está no breja vai se afundar ainda mais. Parece que descobrimos que sermos expectadores é muito melhor do que fazermos valer o nosso poder de p

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