PF descobre milhões em contas ligadas a Chiclete, o parceiro do hacker

A Polícia Federal se surpreendeu com as cifras da quebra de sigilo bancário de pessoas próximas ao programador Thiago Eliezer Santos (foto), o Chiclete, revelado por Crusoé como o mentor do hacker Walter Delgatti Neto, responsável pelas invasões das contas de Telegram de centenas de autoridades, entre elas o coordenador da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol. Fontes com acesso à investigação dizem que foram descobertas em contas de uma pessoa próxima a Thiago Eliezer movimentações que somam 3 milhões de reais.

Chiclete foi preso temporariamente na segunda fase da Operação Spoofing, deflagrada nesta quinta-feira, 19. Os investigadores apuram se houve pagamento para que Delgatti, também conhecido como Vermelho, vazasse as mensagens de integrantes da Lava Jato para o site The Intercept.

As cifras encontradas pela investigação confirmam a impressão de amigos de Chiclete de que ele deu um salto, recentemente, em seu padrão de vida. A PF apurou na deepweb, o submundo da internet onde costumam operar criminosos, que Chiclete era um hacker respeitado. Nesta sexta-feira, 20, o programador que serviu de referência para Vermelho prestou depoimento por cerca de três horas aos investigadores.

A PF suspeita que uma das transações recentes de Chiclete, a suposta venda de uma Land Rover para Vermelho, tenha sido uma forma de lavar dinheiro que o hacker de Araraquara obtinha por meio de compra e vendas de moedas virtuais. O carro foi apreendido na segunda fase da operação, nesta quinta.

Além de Chiclete, a PF também prendeu temporariamente o estudante de direito Luiz Molição, que os investigadores suspeitam ser responsável por guardar parte das mensagens roubadas. Os policiais chegaram a ele a partir de um áudio em que ele aparece conversando com um interlocutor estrangeiro — que os investigadores suspeitam ser o jornalista Glenn Greenwald, responsável pelo The Intercept.