Adriano Machado/Crusoé

Pazuello nega que tenha defendido tratamento precoce e admite que só a vacinação pode ‘segurar a pandemia’

18.01.21 17:12

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello (foto), reconheceu nesta segunda-feira, 18, a possibilidade de a grave situação de Manaus, no Amazonas, se repetir em outras cidades do país. A capital manauara vivencia o recrudescimento do número de casos de Covid-19 e o consequente colapso do sistema de saúde, com falta de cilindros de oxigênio e de leitos para o atendimento da população.

O general classificou a vacinação em massa como a principal “ação efetiva” planejada pelo governo federal para conter o avanço da pandemia. “Isso [crise], sim, pode se replicar agora para outras cidades do Norte e do Nordeste ao longo do ano e pode se replicar quando chegarmos mais perto do inverno para a região centro-sul. Como vamos combater isso? Com a vacina. É por isso que nós estamos tão ávidos por receber as vacinas, distribuir e imunizar a população brasileira. Essa é a grande ação efetiva para segurar a pandemia“, disse.

Apesar da urgência, Pazuello afirmou que o ministério não trabalha com uma data exata para a coleta do estoque de 2 milhões de doses da vacina de Oxford cujo uso emergencial e temporário foi avalizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa. Os imunizantes, fabricados pelo Instituto Serum, estão na Índia.

Todos os dias nós temos tido reuniões diplomáticas com a Índia. O fuso horário é muito complicado. Estamos recebendo a sinalização de que isso deverá ser resolvido nos próximos dias da semana. Eu não tenho a resposta positiva até agora“, declarou o ministro. “Estamos contando com essas 2 milhões de doses para que a gente possa atender mais ainda a população“, completou.

Em nome da contenção da crise sanitária, Pazuello ainda defendeu a preservação das estruturas criadas para o atendimento de pacientes infectados pelo novo coronavírus e dos leitos habilitados para o tratamento dos enfermos “nas regiões que poderão sofrer o impacto“.

O ministro disse também ser necessário o uso da “técnica do atendimento precoce“, alegando, falsamente, jamais ter recomendado o “tratamento precoce“, com a designação de medicamentos específicos. “Nós temos que difundir isso todos os dias em todos os meios de comunicação, para que a gente possa permitir que as pessoas tenham chance de não agravar. Vários remédios deram algum tipo de resultado e os médicos sabem o que deve ser prescrito para os pacientes“, argumentou.

Apesar do conselho do general, especialistas e a Anvisa alertam que não existe, por ora, medicamentos com eficácia científica comprovada para o tratamento da Covid-19. Indagado se o governo vai dar continuação à distribuição de hidroxicloroquina, usualmente propagandeada por Jair Bolsonaro, Pazuello alegou que o ministério o fará “quando solicitado por estados e municípios“, acrescentando jamais ter autorizado a pasta “a fazer protocolos indicando medicamentos“.

A fala do ministro não condiz com a realidade. Ao assumir o posto, Pazuello deu aval a um protocolo de uso da cloroquina e da hidroxicloroquina para pacientes com Covid-19. O documento orienta a utilização do medicamento desde os sintomas leves da doença, combinado ao antibiótico azitromicina.

A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação da Saúde, Mayra Pinheiro, inclusive, chegou a enviar um ofício à prefeitura de Manaus para cobrar a prescrição de cloroquina a pacientes com Covid na capital amazonense.

Questionado se, em meio ao aumento de infecções, a pasta reforçaria o estímulo ao distanciamento social e ao uso de máscaras de proteção social, em contraposição ao presidente Jair Bolsonaro, que protesta contra o isolamento, Pazuello não deu uma resposta concreta.

As medidas são todas de nível estadual e municipal. Se essa ou aquela medida está de acordo ou não com alguém do Executivo, isso é uma posição individual, que temos que respeitar. O que é importante? A economia não pode parar. Ponto. Porque, se a economia parar, nós vamos acelerar a quarta onda. Vocês sabem o que é a quarta onda? É o choque no emocional das pessoas, a depressão, a automutilação, o suicídio, todos causados pela queda da capacidade de manter a própria família“.

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