Mathilde Missioneiro/Folhapress

Partidos querem que Guedes explique interferência da primeira-dama na Caixa

24.10.21 08:07

Parlamentares do PT e do Partido Novo pediram que o ministro da Economia, Paulo Guedes, esclareça a interferência da primeira-dama Michelle Bolsonaro no setor de crédito da Caixa Econômica Federal.

No início do mês, Crusoé revelou que Michelle encaminhou diretamente ao presidente do banco, Pedro Guimarães, uma lista com nomes de empresas de Brasília que deveriam ser contempladas com crédito subsidiado. Os financiamentos foram aprovados com agilidade, fora dos trâmites normais da instituição.

Em ofício encaminhado ao ministro da Economia, a presidente nacional do PT,  deputada Gleisi Hoffmann, solicitou informações sobre a “concessão de empréstimos e/ou outras operações de crédito facilitadas, que foram concedidos pela Caixa sob a intermediação e influência da Senhora Michelle Bolsonaro”. O ofício é assinado por outros 40 parlamentares da bancada do PT e pede acesso aos documentos que subsidiaram as operações de crédito indicadas pela primeira-dama.

“Todos esses fatos (narrados pela reportagem) indicam que a Instituição Caixa Econômica Federal, com o beneplácito e empenho pessoal de seu Presidente, foi usado indevidamente, ilegalmente e criminosamente, para privilegiar interesses privados da esposa do Presidente da República e deste (seus apoiadores), em detrimento da observância dos princípios da administração (moralidade e impessoalidade) e da legislação que deve nortear a concessão de créditos pela referida Instituição Financeira Pública”, diz o documento (abaixo).

Por meio de requerimento aprovado pela Mesa Diretora da Câmara, a bancada do Novo também solicitou explicações detalhadas ao ministro sobre cada uma das operações de crédito realizadas por solicitação de Michelle. “A suposta intermediação do gabinete da primeira-dama em favor de empresas específicas, ainda que restem cumpridos os requisitos para a concessão dos empréstimos, é imoral e afronta o princípio constitucional da impessoalidade que deve reger o funcionamento da administração pública”, diz trecho do documento. O texto prossegue assim: “A mera possibilidade de que processos tenham recebido tratamento diferenciado, no contexto da pandemia, já se configura como um alerta para que os fatos citados na reportagem da revista Crusoé sejam averiguados e esclarecidos o quanto antes, em prol do interesse público que deve prevalecer sobre interesses privados de quem quer que seja”.

O Ministério da Economia diz que já começou a preparar as respostas para os dois partidos.

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