Roque de Sá/Agência Senado

Parlamentares que vão disputar as eleições gastaram R$ 3 milhões com autopromoção

20.09.20 12:05

Eleitos para defender os interesses do eleitorado no Congresso, dezenas de parlamentares pretendem voltar às raízes e exercer mandatos em seus municípios de origem. Levantamento realizado por Crusoé mostra que pelo menos 60 deputados e dois senadores foram confirmados como candidatos a prefeito e vice-prefeito nas convenções partidárias finalizadas nesta semana. Para, de fato, entrarem na disputa, resta apenas realizar o registro no Tribunal Superior Eleitoral até o próximo sábado, 26.

Na corrida eleitoral, eles largam na frente não apenas por serem figuras mais conhecidas da política. Ao longo do ano, a maioria investiu pesado na divulgação da atividade parlamentar, custeada pelo chamado “cotão”. De acordo com os sistemas de Transparência da Câmara e do Senado, a autopromoção dos congressistas que em novembro disputarão as eleições municipais, custou 3 milhões de reais aos cofres públicos em 2020. O montante pode crescer, pois os parlamentares têm até 90 dias para apresentar as notas fiscais dos gastos e requerer o ressarcimento. 

Líder no uso de recursos públicos para autopromoção, o deputado Boca Aberta, do PROS, gastou 207,2 mil reais com a divulgação de seu mandato. Ele concorrerá à Prefeitura de Londrina. A bolada bancou diferentes formatos de publicidade: anúncios sobre projetos no Facebook, cartazes em padrão de outdoor, informativos em papel couché e vídeos para as redes sociais.

Em segundo lugar, aparece o deputado Ruy Carneiro, que sonha com a Prefeitura de João Pessoa. Desde o início do ano, o tucano usou 185,6 mil reais em dinheiro público para autopromoção. O parlamentar investiu em consultoria em comunicação, estratégia e conteúdo para imprensa e impressão de folders. 

Terceiro colocado, o Capitão Alberto Neto, do Republicanos, deve disputar a Prefeitura de Manaus. Do marketing digital ao clipping (seleção de notícias publicadas sobre determinados temas ou pessoas), passando pela divulgação de atos em TVs de LED espalhadas por bairros da capital do Amazonas, o parlamentar gastou 139,7 mil reais. 

Apesar das incertezas sobre o formato das campanhas em meio à pandemia do novo coronavírus, a corrida eleitoral deve logo esvaziar os trabalhos legislativos, como ocorreu durante as convenções partidárias. Na última eleição municipal, realizada em 2016, 81 deputados e dois senadores entraram na disputa. 

Em nota enviada à Crusoé, o deputado Capitão Alberto Neto afirmou que usou o dinheiro para “aproximar” a população do Amazonas à atividade parlamentar, a fim de “fazer um mandato participativo que realmente represente as pessoas”.

“Ser eleito para servir o povo do Amazonas a partir do Congresso Nacional não significa entrar em um concurso de quem utiliza menos dinheiro público, mas sim quem utiliza melhor, e para seguir construindo um país democrático através de um mandato participativo, algo que sempre me propus a fazer, é preciso escutar as pessoas e me comunicar bem com elas, sendo inevitável a utilização do dinheiro que está a disposição do meu mandato”, escreveu.

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  1. Sem chance este congresso nacional, isso tinha que ser fechado e reformulado, aqueles com dívida na justiça teria que ser eliminado da política..... Começando pelo Botafogo Maia.... Bando de canalhas

  2. Vamos reduzir o número de municípios no Brasil e diminuir pela metade o número de deputados federais. Para que 513 deputados???

  3. Incrível os milhões de reais que saem dos cofres públicos deste país, são de pouca utilização. Estamos em Setembro e eles já não estão mais comparecendo para trabalhar, serão descontados por não comparecer? Cadê a transparência e os órgãos que controlam tudo isso? Não trabalham, ganham seus salários e tudo o que vem pendurado com ele.

  4. Estranho! Os sujeitos se elegem para exercerem os cargos de deputado ou senador. No meio do "caminho", mudam o trajeto para disputarem eleições municipais. A meu ver, deveria ter uma lei proibindo essa prática. Uma vez eleitos deputados ou senadores, devem cumprir os mandatos até o final. Se quiserem concorrer a outros cargos, renunciem seus mandatos federais, bem como as verbas estrastosféricas e os penduricalhos super, hiper, mega-absurdos. Obrigado pelo espaço!

  5. Estranhamente deputados federais e senadores querendo voltar para os municípios, provavelmente pela falta de visibilidade das roubalheiras, ficará menos difícil praticar peculato, pois temos mais de 5.000 município e fica difícil mobilizações nacional. Além disso, políticos já eleitos deveriam ter um quociente desafiador (ex. obter mais que 30% de votos do segundo mais votado) de forma a equilibrar as concorrência com novatos.

  6. Até quando vamos continuar a conviver com está pouca vergonha!!! Dinheiro público gasto em proveito de S.Exas, em benefício de fulano e beltrano, e, o povo, saúde, educação, segurança que são essenciais, sempre no terceiro, quarto, plano... Direito Penal para quem rouba galinhas e vista grossa, conivência legal, legislativa, ou mesmo foro privilegiado e prescrição para quem rouba o erário...

    1. Parlamentar em exercício de mandato devia ser obrigado a renunciar se quiser disputar um cargo eletivo municipal. Muito fácil, não tem risco nenhum. Se perder volta p função anterior e ainda evita surgimento de novos quadros na política o q é bom p diminuir a concorrência. Isso tem de mudar. Válido tb. o os Senadores q tem 8 anos de mandato.

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