Para a PF, ‘não pairam dúvidas’ sobre pagamentos de propina ao líder do governo

15.08.20 08:02

Antes mesmo da conclusão do inquérito que apura desvios de recursos nas obras do Canal do Sertão e da transposição do Rio São Francisco, a Polícia Federal já afirma que “não pairam dúvidas” de que Fernando Bezerra Coelho (foto), do MDB, líder do governo Bolsonaro no Senado, teria recebido propinas de empreiteiras.

O parlamentar é alvo da Operação Desintegração. A PF pediu mais prazo ao STF para colher os depoimentos do senador, de seu filho, o deputado Fernando Coelho, do DEM, e de dois assessores e empreiteiros investigados.

Mesmo assim, a delegada da PF em Pernambuco Andrea Pinho Albuquerque da Cunha já está convencida de que o senador recebeu das empreiteiras responsáveis pelas obras um total de 5,5 milhões de reais em propinas.

As provas ganharam robustez depois da análise dos documentos apreendidos na residência, no gabinete e em outros endereços ligados ao senador e ao filho dele. Os papéis, celulares e computadores confiscados serviram, inclusive, para abrir novas frentes de investigação.

Ao se debruçar sobre o material, a PF descobriu, por exemplo, uma sociedade entre Bezerra e o empreiteiro Marcos Borin em uma empresa no estado de Delaware, um paraíso fiscal americano. Mensagens obtidas pelos investigadores mostram que a empresa atingiu o capital de 5 milhões de reais e fazia aportes em uma outra firma do setor agrícola, pertencente a Pedro Coelho, outro filho do senador.

Borin é dono da Construmac, também sob suspeita de pagar propinas a Bezerra. As trocas de mensagens mostraram a íntima relação entre o empresário, o senador e seus filhos. “Também se verificou que o relacionamento criminoso de Marcos Vinícius Borin e Fernando Bezerra permanece até os dias atuais — ou, ao menos, permanecia até a data da deflagração da fase ostensiva da investigação”, acrescenta a PF.

A documentação apreendida ainda reforçou o elo entre Bezerra Coelho e uma concessionária de veículos usada para o recebimento de propinas das empreiteiras. Além de servir de ponte para a circulação do dinheiro dos esquemas, a empresa fez doações eleitorais à campanha de Fernando Coelho Filho, em 2012. Na ocasião, ele era candidato a prefeito de Petrolina, principal curral eleitoral do clã.

O advogado André Callegari, que defende Fernando Bezerra, afirma que o senador “sempre esteve à disposição da autoridade policial para esclarecer os fatos investigados”. “Aliás, o inquérito se prestará justamente para apontar que não houve nenhum recebimento de propina e no momento apropriado o senador prestará os devidos esclarecimentos elucidando os supostos fatos noticiados”.

Procurada, a Constremac não se manifestou.

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  1. Apenas o STF dirá que tem dúvidas sobre a roubalheira de mais um político criminoso. A justiça no Brasil quando não é cega finge que não vê.

    1. O Recurso vai cair nas mãos do Gilmar Mendes-sem sorteio-, e vai virar pó.

  2. Meu primo Roderigo é forte em previsão, inclusive sobre o futuro, como gostava de gracejar o físico Niels Bohr. Predisse a vitória de JB, desbundando politólogos de araque, ociólogos praieiros e escribas subvencionados. Agora, projeta um quadro desolador, baseado em duas possíveis alianças: Bolso-Lula ou Bolso-ValCoNe. A Chapa Bolso-Lula uniria extremos 'ideológicos', estribando-se, de fato, em políticos rabilongos. A outra, considerada fim-de-linha, entronizaria o toma-lá-dá-cá cleptocrático.

    1. O contribuinte, que a todos remunera, anseia por votar. Veste-se de Davi Eleitor e, munido de seixos e estilingue certeiros, trata de abater notórios zumbis e vampiros. Traz em sua bolsa a experiência, ainda que desalentadora, das eleições passadas. Tendo aprendido com elas, só pensa nos pleitos seguintes; e nos vários tipos de Golias de pés-de-barro, petulantes ao extremo. O trabalho de limpar a pocilga política desanimaria o próprio Hércules. Mas ao contribuinte não se oferecem alternativas.

    2. O leitor sabe que corrupção política sistêmica difere de gatunice individual. Sistema implica engrenagem -- planejamento e coordenação centralizados. Baseia-se, ademais, na certeza da geleia real da impunidade, típica de repúblicas bananeiras. Quem quita as faturas de um esquemão cleptocrático é o contribuinte, do qual se extraem tributos de porte europeu em troca de bens e serviços de padrão moçambicano. É em sua fenda glútea que se injetam os custos de (des)governo inapto/inepto/corrupto.

  3. Como já havia falado aqui antes, ontem, dois líderes do homem que foi eleito com a bandeira da moralidade, anticorrupção, o mais honesto do Brasil, JB., um no Senado e outro na câmara, envolvidos com corrupção. Daqui a pouco JB vai ser o homem mais honesto do Brasil, assim como o Lulaladrao!

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