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O Spoofing português

20.09.19 18:05

O Ministério Público de Portugal apresentou nesta quinta-feira, 19, uma acusação de 147 crimes contra um hacker, em um caso que lembra o ataque aos celulares e aplicativos de mensagens de autoridades que deu origem à Operação Spoofing no Brasil.

A diferença é que, além do ataque cibernético ao MP daquele país, Rui Pinto (foto) também quebrou o sigilo de clubes de futebol, da Federação Portuguesa de Futebol e até do astro Cristiano Ronaldo. E no momento de vazar as informações, criou ele mesmo um site, o Football Leaks, em vez de repassar o conteúdo.

Pinto foi acusado de tentativa de extorsão, sabotagem cibernética, violação de correspondência e de 75 acessos ilegais a dados  — inclusive do e-mail do atacante da Juventus, que testemunhou no inquérito. Mas a denúncia não esgotou o rol de todos os crimes pelos quais o hacker pode ser responsabilizado.

Ele usou documentos do sistema de informática da Procuradoria-Geral da República de Portugal e as caixas de e-mails da PGR para conseguir informações que estavam sob segredo de Justiça, relacionadas a diversas investigações, inclusive a que havia contra ele mesmo. E ainda entrou por 307 vezes na área reservada de trabalho do MP, o Sistema de Informação do Ministério Público de Portugal.

Entre os documentos em segredo de justiça que Pinto hackeou estão os relacionados a alguns dos mais rumososos casos de corrupção recentes em Portugal, como o da quebra do Banco Espírito Santo e a Operação Marquês, em que foi preso por seis meses o ex-primeiro ministro socialista José Sócrates, hoje à espera de julgamento.

Pinto foi o protagonista do Football Leaks, em que, a partir de 2015, vazou bastidores de negociações esportivas pelo site com este nome, com base do material que havia extraído de clubes, entidades e empresas. Nas informações que divulgou, estavam documentos que implicavam Cristiano Ronaldo em suspeitas de problemas com o Fisco da Espanha e troca de mensagens com advogados que o representaram num caso de acusação de estupro, do qual o jogador foi absolvido em julho.

Mas o acusado acabou preso preventivamente em 22 de março, depois de ser extraditado por ter acessado ilegamente, a partir da Hungria, os sistemas do Sporting e do fundo de investimentos Doyen, que atua no mercado do futebol. Ele teria tentado extorquir entre meio milhão e 1 milhão de euros da Doyen para não vazar os dados que obteve, o que o levou a ser capturado em Budapeste e mandado de volta para seu país.

No caso português, há também a simpatia à esquerda pelos vazamentos feitos graças aos ataques cibernéticos, mas de uma forma isolada. Pinto foi defendido publicamente pela eurodeputada socialista Ana Gomes, o que a fez ficar apartada até dentro do próprio partido.

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  1. Não nega que é português. De tivesse vindo pro Brasil, ao invés da Hungria, teria conseguido um habeas corpus através do Gilmar. Aqui no Brasil entraria na conta de alguém da lava-jato e seria considerado jornalista. Teria todo o respeito da mídia.

    1. É isso aí, se o Sodomita Búlgaro já não for amigo deste pinto em particular.

    1. Se não aguentar a pressão e amolecer, não vale nada. Mas aguentar duro, conta com o apoio irrestrito da Verdevaldo e vira jornalista!

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