Adriano Machado/Crusoé

O que Lula pensa sobre a CPI, mas prefere não dizer publicamente

12.04.21 10:20

Nos tempos de presidente, Lula cultivava o hábito de escalar emissários para orientar o PT sempre que pairavam dúvidas no partido sobre o que o petista pensava a respeito de temas delicados, mas ele não podia expor publicamente, sob pena de deixá-lo em maus lençóis com o eleitorado.

De lá para cá, Lula deixou o poder, elegeu e reelegeu a sucessora, foi preso e solto 580 dias depois por decisão do STF, mas os métodos permaneceram praticamente os mesmos.

No fim de semana, dois dos principais interlocutores do ex-presidente, o governador do Piauí, Wellington Dias, e o senador Jaques Wagner, saíram a campo com a missão de jogar água na fervura da CPI da Covid. Dias pediu “serenidade” para que não se criem falsas “guerras diárias”. Wagner, por sua vez, falou em “momento inadequado” para a instalação da comissão – detalhe, o parlamentar sequer assinou o requerimento de abertura do colegiado.

Ambos agem a pedido de Lula. O petista não quer saber de CPI. Avalia que politicamente a comissão pode até ser importante o suficiente para desgastar Bolsonaro, mas não pode ser incendiária o bastante para provocar um impeachment – e, como já disse Crusoé, Lula quer enfrentar Bolsonaro no segundo turno de 2022.

Como a principal marca de toda CPI é a sua imprevisibilidade, o petista prefere que ela não vá adiante. Se for inevitável, que seja “controlada”. Por isso, os pedidos de Wellington Dias por “serenidade” reforçados por Wagner com palavras igualmente amenas. O petismo já entendeu o recado.

No Twitter, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, segue – e seguirá – posando de defensora tanto da CPI quanto do impeachment de Bolsonaro. Mas todos no partido sabem que ela joga para a plateia.

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