Casa Branca

O impacto da saída de John Bolton para Venezuela e Irã

10.09.19 16:44

“Se fosse pelo John (Bolton), nós já estaríamos em quatro guerras agora”, disse o presidente Donald Trump, segundo um de seus assessores que conversou com o New York Times.

O conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton (na foto, com Trump), demitido nesta terça-feira, 10, não acreditava nas negociações diplomáticas e era a favor de ações duras em várias frentes internacionais.

Ainda que Trump não tenha anunciado o nome de seu substituto, já é possível prever algumas mudanças nas relações com outros países.

Na Venezuela, a saída de Bolton deve fortalecer Elliott Abrams, o representante especial de Washington para a Venezuela, governada pelo ditador Nicolás Maduro. “John Bolton estava muito focado na realização de eleições supervisionadas, mas sua insistência nisso não levou a nada. A pressão dos Estados Unidos dentro da Venezuela não se concretizou. O presidente interino Juan Guaidó já está lá há nove meses com apoio americano e não obteve nenhum resultado”, diz o especialista em relações internacionais venezuelano Luis Daniel Alvarez, da Universidade Central da Venezuela.

Elliott Abrams tem falado mais em negociar, em entender o outro lado. “Ele chegou até a defender, de forma muito sutil, as negociações com o governo de Maduro na Noruega. Suas posições são mais próximas das posturas da União Europeia e do Grupo de Lima”, diz Alvarez.

Quanto ao Irã, também é provável que a diplomacia seja retomada em algum momento. Na reunião do G7 em Biarritz, no sul da França há duas semanas, o presidente francês Emmanuel Macron tentou até agendar uma reunião entre Trump e o presidente iraniano, Hassan Rouhani. Mas o empurrão francês não foi bem recebido em Washington. Com a saída de Bolton, as conversas podem voltem a andar.

“Se o objetivo era envolver o Irã diplomaticamente, então é difícil imaginar alguém pior do que Bolton para essa função”, diz o iraniano-americano Ali Vaez, diretor do Projeto Irã no International Crisis Group, em Washington. “Agora, a partida de Bolton oferece uma oportunidade real para a iniciativa do presidente Macron de reduzir as tensões entre o Irã e os americanos.”

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