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O coronavírus e os privilégios dos políticos no Chile

31.03.20 08:21

Desde que os protestos pararam o Chile, em meados do ano passado, começaram as cobranças para que os políticos abrissem mão de seus privilégios. Com o coronavírus, o movimento ganhou mais força.

“Existiram diversas tentativas no Chile de reduzir os salários dos parlamentares antes, mas nenhuma delas teve algum resultado legislativo”, diz o pesquisador Pablo Fuenzalida, do Centro de Estudos Públicos, em Santiago.

Após o anúncio dos primeiros casos da Covid-19 no país, o ministro da Fazenda, Ignacio Briones (foto), pediu a seus colegas que reduzissem voluntariamente seus salários em 30% nos próximos meses. Ao menos dois já acataram a ideia. Alguns partidos políticos também decidiram doar uma porcentagem de suas verbas para fundações filantrópicas.

“Esta não é a primeira vez que ministros voluntariamente reduzem seus salários. Isso também aconteceu no governo anterior, atendendo a um pedido da ex-presidente Michelle Bachelet”, diz Fuenzalida.

Na semana passada, a Controladoria-Geral da República do Chile fixou limites mais severos para evitar o desperdício de dinheiro público. Prefeitos que estavam participando rotineiramente de programas de televisão matutinos para falar sobre a pandemia receberam um puxão de orelha. Eles foram acusados de não respeitar os seus horários de trabalho e de buscar ganhos políticos em um ano eleitoral.

Aqui no Brasil, como Crusoé mostrou em sua mais recente edição semanal, alguns parlamentares tentam, em meio à crise e à necessidade de corte de gastos supérfluos, emplacar medidas contra mordomias no serviço público.

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  1. O plano do contribuinte, que a todos remunera, é bem mais abrangente: reduzir de três para dois o total de senadores por estado da federação -- um total fixado pelos americanos ao forjarem a sua duradoura constituição; tolerar não mais que a metade dos deputados federais (hoje uma soma absurda de 513); reduzir o número exagerado de ministros do STF e seu quadro inchado de pessoal. Copia-se tanta coisa ruim dos EUA. Por que não seguir suas boas práticas, como sua austera estrutura macropolítica?

    1. O Brasil, nação de fato periférica, que a esquerda alienada considera país-potência sem complexo de vira-latas, exibe elite perdulária. Enquanto a Administração Obama se virou com 19 cargos de nível ministerial, Dilma Rousseff não fez por menos: manteve 39 ministros, inclusive os notórios Três Porquinhos. A atual administração enxugou o Executivo, mas se vê sob constante pressão para multiplicar os entes ministeriais sem necessidade. Malbaratar o dinheiro do contribuinte é uma tentação perene.

    2. Com população e renda per capita muito maiores que as do Brasil, seria razoável que os EUA custeassem mais políticos, no nível federal, que o Brasil. Não é isso, porém, que ocorre. Há sobriedade, pelo menos nessa área, no país mais rico das Américas. Basta comparar os 513 deputados em Brasília com os 435 representantes em Washington, D.C., para se identificar quem joga mais dinheiro pelo ladrão. Os 9 Juízes da Suprema Corte empregam menos de 600 servidores; os 11 togados do STF, uns 2.800!

  2. Duda, pare para pensar, por que a direita precisa de gente tão nojenta para tocar sua agenda? Olavo de Carvalho, Trump, Bolsonaro... Se o conservadorismo fosse algo bom, não haveria gente boa defendendo-o?

  3. Sabe qual é o número que devemos saber para definir o confinamento? O percentual de respiradores ocupados. Alto percentual, maior confinamento. Baixo percentual, menos isolamento. Exagerar no confinamento pode empurrar o problema com a barriga e, após a quarentena, vir um cume epidêmico que irá gerar uma novo isolamento social. Já relaxar com um alto percentual de respiradores ocupados poderá faltar respiradores e falecer pessoas por falta de recurso médico.

    1. Carlos, é tudo uma questão de competência e equilíbrio. Algo em falta no presidente.

  4. Tem de começar com os políticos, o alto judiciário, as forças armadas, TCEs, TJs. Quando conseguirem isso, começo acreditar em alguma coisa. Um conselheiro de um TCE ganhar 150 mil por mês tem algo errado, um sargento das FA ganhar mais que um auxiliar de enfermagem ou enfermeiro no SUS que ficam expostos todos os dias a inúmeras doenças é que a coisa tá rodando mal. E faz tempo.

  5. O congresso (Câmara e Senado), junto com os tribunais e o Supremo, precisam acabar com os inúmeros privilégios bancados com o dinheiro suado da população brasileira.

  6. nem isto conseguiremos no Brasil pois sequer abrem mão do vergonhoso Fundo Eleitoral e Fundo Partidario, AMBOS com valores ABSURDOS !!!

    1. pela liberação do fundo partidário em prol do combate ao corona

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