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No Planalto, comitiva de Trump deve abordar banimento da China do 5G

17.10.20 08:04

O governo Bolsonaro receberá, no começo da próxima semana, uma comitiva de alto nível da Casa Branca, liderada pelo embaixador Robert O’Brien (foto), conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, o homem que assessora Donald Trump nos assuntos mais sensíveis das relações exteriores. O diplomata vem ao Brasil para uma série de encontros com empresários e autoridades para tratar de investimentos americanos no país, incluindo reuniões com Jair Bolsonaro, Augusto Heleno e Ernesto Araújo. A equipe de Trump deve trazer na bagagem o insistente pedido americano para que o Brasil exclua a tecnologia chinesa da Huawei do leilão do 5G, previsto para o meio do ano que vem. 

O’Brien viaja acompanhado do vice-Representante de Comércio dos EUA, Michael Nemelka. Também fazem parte da delegação Kimberly Reed, a presidente do Banco de Exportação e Importação, Exim, e a diretora da Corporação de Desenvolvimento Financeiro dos Estados Unidos, DFC, Sabrina H. Teichman. As duas organizações financeiras são a espinha dorsal da estratégia americana para incentivar países emergentes a adotarem tecnologias 5G produzidas por empresas como Nokia e Ericsson, consideradas “limpas” por Washington. O governo americano considera financiar a aquisição destes equipamentos no Brasil para fazer frente à Huawei, que tem aparelhos mais baratos.

O Planalto ainda não bateu o martelo sobre o que fazer com as empresas chinesas. A ala ideológica e o ministro Ernesto Araújo pressionam para um alinhamento aos Estados Unidos, ideia com a qual Jair Bolsonaro até flerta, mas existem soluções menos drásticas. Também está na mesa uma proposta para que o país adote uma arquitetura que limite a participação de fornecedores a determinadas fatias de mercado, excluindo a China de redes consideradas “críticas” para a segurança nacional. Na consulta pública que a Anatel realizou sobre o edital do leilão do 5G, a Huawei pediu a retirada do item “cibersegurança” do texto. 

Diferentemente do que ocorre com périplos de autoridades americanas pela América do Sul, a delegação do Conselho de Segurança Nacional virá exclusivamente ao Brasil, segundo o embaixador americano em Brasília, Todd Chapman. “Entendemos o enorme potencial e a importância estratégica de nossa parceria com o Brasil, e seguiremos trabalhando para fortalecer a nossa cooperação nas mais diversas áreas”, diz o diplomata. 

Durante a viagem, o braço financeiro da diplomacia norte-americana também tratará de investimentos em outras áreas, como na infraestrutura e no agronegócio. Para além do 5G, o Exim e o DFC podem servir como ponta de lança dos EUA para fazer frente às investidas do dinheiro da China em projetos no Brasil, avaliam diplomatas brasileiros a par da visita.

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