Bruno Santos/FolhapressNa onda

MPF denuncia Wassef e mais quatro por peculato e lavagem de dinheiro

25.09.20 13:35

O Ministério Público Federal no Rio denunciou nesta sexta-feira, 25, o ex-advogado do clã Bolsonaro, Frederick Wassef (foto), o ex-presidente da Fecomércio do Rio Orlando Diniz e outras três pessoas pela prática dos crimes de peculato e lavagem de dinheiro.

Apresentada pela Lava Jato, a denúncia é um desdobramento da Operação E$quema S, que apura desvios de recursos do Sesc, do Senac e da Fecomércio do Rio de Janeiro. Além de Wassef e Diniz, são alvos da peça os advogados Luiza Eluf, Marcelo Cazzo e Márcia Zampiron.

De acordo com a força-tarefa, entre dezembro de 2016 e maio de 2017, em seis ocasiões distintas, o grupo desviou 4,6 milhões de reais das entidades. Os advogados teriam recebido o dinheiro como pagamento de honorários por serviços que não foram efetivamente prestados ou pela produção de materiais de interesse exclusivo de Diniz, para promover, por exemplo, a perseguição de adversários pessoais.

A verba foi fruto de um contrato ideologicamente falso firmado entre a Fecomércio e o escritório Eluf e Santos Sociedade e Advogados, que pertence a Luiza Eluf. Do total de recursos desviados, Wassef recebeu 2,6 milhões de reais, como mostrou Crusoé.

Segundo o Ministério Público, o escritório de Luiza serviu apenas como uma ponte para a remuneração da banca do ex-advogado do clã Bolsonaro. Em depoimento, Orlando Diniz afirmou que Wassef não foi contratado diretamente porque sua então esposa, Maria Cristina Boner, “tinha pendências judiciais, o que poderia atrair holofotes indesejados”.

A quebra de sigilo do escritório de Luiza Eluf mostra que, assim que os depósitos da Fecomércio caíam na conta da banca, os recursos eram transferidos diretamente para a Wassef Sonnenburg Sociedade de Advogados. O MP ainda encontrou uma transferência de 28,2 mil reais da conta pessoal de Luiza para a de Wassef.

“O contexto descrito revela que o escritório ELUF & SANTOS ADVOGADOS foi o recebedor ostensivo do dinheiro que foi, em verdade, destinado a FREDERICK WASSEF e MÁRCIA ZAMPIRON. Assim, aquele ocultou os reais proprietários dos valores, em típica atividade de lavagem de capitais”, anotaram os procuradores.

Como mostrou Crusoé na reportagem de capa desta semana, Wassef mantém estreitos laços com a família Bolsonaro. Com a chegada do capitão da reserva ao poder, o advogado incrementou seu repertório. Do histórico de investigações envolvendo disputas particulares, com confecção de inquéritos policiais e produção de dossiês contra rivais de seus clientes, como nos casos da JBS e da Fecomércio do Rio, o advogado passou a usar sua proximidade com o presidente para ganhar milhões de reais de empresários interessados em resolver contendas com o governo.

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