Adriano Machado/Crusoé

Moro pede inquérito contra punks por cartazes anti-Bolsonaro

27.02.20 20:58

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro (foto), pediu a abertura de um inquérito contra quatro organizadores de um evento punk chamado Facada Fest, por supostos crimes contra a honra do presidente Jair Bolsonaro, além de apologia ao homicídio, informa a Folha de S.Paulo

Integrantes de bandas como THC, Delinquentes, Filhux Ezkrotuz e produtores do evento, o grupo de artistas foi interrogado nesta quinta-feira, 27, pela Polícia Federal, em Belém. A investigação baseia-se em cartazes usados pelo festival, que ocorre na capital paraense desde 2017.

Em um deles, divulgado para a edição do ano passado, Bolsonaro é representado pelo palhaço Bozo, empalado por um lápis. Em outro, o chefe do Executivo aparece vomitando fezes sobre uma floresta, com um bigode de Hitler, uma cueca com a bandeira americana e uma arma na mão. Um terceiro mostra o presidente esfaqueado na cabeça. 

De acordo com a publicação, no despacho em que requisitou a abertura da investigação, Moro alegou, por exemplo, que a imagem do palhaço atravessado por um lápis demonstra “clara apologia ao atentado criminoso sofrido por Jair Messias Bolsonaro durante a campanha eleitoral, que quase tirou a sua vida”.

As duas primeiras ilustrações são de Paulo Victor Magno. À Folha, ele disse que as imagens representam, na verdade, críticas ao governo federal. “A gente estava no meio do desmonte da Educação, de problemas com os ministros [Ricardo] Vélez e [Abraham] Weintraub”, explicou. “Por isso me deram essa ideia de fazer o lápis, que representa a educação, derrotando essa palhaçada. É por isso que é um palhaço, porque representa essa ignorância.”

O coletivo Facada usa o nome desde 2017, quando foi criado. Já Bolsonaro foi vítima da facada durante a campanha eleitoral de 2018. Em nota, o Ministério da Justiça diz que a sua consultoria jurídica apontou a necessidade de investigação. E que cabe agora ao Ministério Público e à Polícia Federal a “elucidação dos fatos e, se for o caso, oferecer ação penal”.

Atualização: no Twitter, Sergio Moro negou ser o autor do pedido de abertura do inquérito. “A iniciativa do inquérito não foi minha, como diz a Folha de S.Paulo, mas poderia ter sido. Publicar cartazes ou anúncios com o PR ou qualquer cidadão empalado ou esfaqueado não pode ser considerado liberdade de expressão. É apologia a crime, além de ofensivo”, escreveu o ministro da Justiça.

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