Marcelo Camargo/Agência Brasil

Sanitarista acredita que governo adotou estratégia da imunidade de rebanho

11.06.21 11:24

O médico sanitarista Cláudio Maierovitch (foto) avaliou, em depoimento à CPI da Covid, que o governo Jair Bolsonaro adotou a tese da imunidade de rebanho como tática de combate à pandemia do novo coronavírus.

A estratégia, refutada por especialistas, prevê a circulação do vírus de forma livre para a infecção dos cidadãos até o ponto em que haja uma quantidade suficiente de imunizados para cessar a pandemia.

Maierovitch alegou compartilhar do entendimento de um estudo da Faculdade de Saúde Pública de São Paulo entregue à CPI que indica que a “aparência de inexistência de um plano talvez revele a existência” dele.

O médico sanitarista lembrou que alguns governantes, como o primeiro-ministro britânico Boris Johnson, recorreram à tática da imunidade de rebanho ao início da pandemia, quando minimizavam a crise, mas, depois, recuaram.

Poucos líderes internacionais acreditaram que o melhor caminho para vencer a crise era que a doença se espalhasse rapidamente e quem tivesse que morrer morreria. E quem sobrevivesse continuaria tocando a economia. Morreriam, provavelmente, os mais frágeis, desonerando a Previdência, o serviço de saúde. Ou seja, do ponto de vista econométrico, poderia ter-se até um acontecimento positivo“, narrou.

Para Maierovitch, no caso do Brasil, a estratégia nunca foi abandonada. “Aquilo foi chamado de produção de imunidade de rebanho, termo que assinalo que não gosto. Rebanho se aplica a animais e fomos tratados dessa forma. Acredito que a população brasileira tem sido tratada dessa forma ao se tentar produzir a imunidade de rebanho às custas de vidas humanas. Infelizmente, o governo brasileiro se manteve na posição de produzir imunidade de rebanho com esta conotação toda para a nossa população ao invés de adotar as medidas reconhecidas pela ciência para enfrentar essa crise“.

O médico frisou a importância do desenvolvimento de mecanismos de gestão, coordenação e comunicação diante de uma crise sanitária. Maierovitch afirmou que o planejamento funcionou durante a epidemia de Zika, entre 2015 e 2016, mas falhou durante a pandemia da Covid-19.

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
Mais notícias
Assine agora
TOPO