Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

‘Médico não abandona paciente’, diz Mandetta

03.04.20 19:41

Alvo de críticas do presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (foto), assegurou nesta sexta-feira, 3, que não pretende deixar o cargo em meio à pandemia do novo coronavírus. “Tem uma coisa na minha vida que aprendi com meus mestres: médico não abandona paciente”, declarou. 

O titular da Saúde observou que, a exemplo de médicos, autoridades divergem sobre tratamentos. “Vejo muito gestores experimentados com muita vontade de participar fazendo leitura assim: ‘Olha, isso aí está errado. Vamos fazer assim. Vamos todos trabalhar e nos contaminar em bloco’. É uma conduta. Se está certa ou errada, cabe ao paciente, que no caso é representado pela Presidência, falar: ‘Olha, essa conduta pode ser interessante”, analisou.

Mandetta, no entanto, ressaltou que sua postura, baseada na avaliação do cenário internacional, mostra-se mais conservadora. “Como eu vi a queda do sistema de saúde de Nova Iorque, da Califórnia, da Itália, da Espanha, da França, da Inglaterra, do Irã, a minha [posição] é de cautela. Não acho que sejamos melhores. Todos que passaram por isso na marcha acelerada tiveram em algum momento situações de colapso”, emendou. 

O ministro reconheceu que o tratamento de isolamento social causa reflexos na economia e disse não ser “insensível” a questão. Para contorná-la, contudo, destacou que o remédio é o desenvolvimento de políticas sociais, como vem fazendo o governo.

“Tenho dado todas as informações e entendo os empresários que se queixam a ele [Bolsonaro], entendo as pessoas que colocam o lado político, entendo as pessoas que gostariam que essa solução fosse rápida”, completou. “Mas nós não temos uma fórmula pronta para esta epidemia, como o mundo não tem”, argumentou.

Mandetta e o presidente defendem métodos diferentes para o combate ao novo coronavírus. Enquanto Bolsonaro prega o isolamento vertical, em que apenas idosos e doentes crônicos mantêm o distanciamento, o ministro aprova o isolamento social, válido para todos. Na noite desta quinta-feira, 2, o chefe do Planalto chegou a dizer que o subordinado “quer fazer valer a sua vontade” e ressaltou que “nenhum ministro é indemissível”.

“Depois que isso terminar, tenho certeza que por qualquer uma das situações que possam aparecer, talvez seja mais importante eu ir debater o sistema de saúde pós-Covid em outro lugar, talvez ajudar o Brasil a pensar um modelo de saúde mais racional, talvez ajudar o mundo a pensar um modelo de saúde mais racional. Mas, no momento, na beira da cabeceira, eu vou estar ali”, completou o ministro.

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