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Lulinha e Gamecorp: as pistas que levaram a Lava Jato a um negócio de R$ 132 milhões

10.12.19 11:23

O filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, é o principal nome na mira da 69ª fase da Operação Lava Jato realizada na manhã desta terça-feira, 10. A nova investida da força-tarefa de Curitiba abre as portas da operação para o setor de telecomunicações e deve expor os bastidores da fusão da Oi com a Brasil Telecom, e das relações das empresas do setor com o poder público durante os governos petistas.

Uma das provas colhidas ao longo da investigação é um e-mail recebido por Lulinha, em que o balanço de 12 meses da Gamecorpo vem com a ressalva de que teriam sido “expurgados os números da Brasil Telecom [grupo Oi] que por ser uma verba política poderia distorcer os resultados”. Outro e-mail, cujo destinatário era um diretor da Oi/Telemar, lembra que um repasse de 900 mil reais para a Gamecorp saiu da conta corporativa da presidência do grupo de telecomunicação e teria como objeto “assessoria jurídica”. Para o investigadores, a contratação não tem relação com o serviço prestado pela Gamecorp. 

Foram reunidas provas que reforçaram a suspeita sobre os repasses recebidos por Lulinha. A PF descobriu que a contratação da Gamecorp pela Oi foi feita sem cotação de preço com outros fornecedores e que os valores pagos são muito acima dos praticados no mercado. Em alguns casos, ainda, o serviço sequer foi prestado pela empresa do filho de Lula. 

Os investigadores também descobriram que, enquanto a empresa de Lulinha recebia valores milionários, o governo comandado por Lula tomava decisões de interesse do grupo Oi/Telemar. Uma delas teria sido o decreto 6.654/2008, assinado por Lula, que permitiu a operação de aquisição da Brasil Telecom pela Oi. Outra ação do governo que teria beneficiado o grupo foi a nomeação de um conselheiro da Anatel, agência responsável por regular o setor de telecomunicações. 

Embora o grupo Oi/Telemar tenha sido o responsável por 74% dos recebimentos da Gamecorp, a nova fase da Lava Jato também mira pagamentos de outra empresa do setor, a Telefônica/Vivo. A PF conseguiu mapear cerca de 40 milhões de reais da empresa Movile Internet Móvel, integrante do grupo, para a Editora Gol, pertencente a Jonas Suassuna, sócio de Lulinha. Os pagamentos estariam relacionados a um projeto chamado “Nuvem de Livros”. Suassuna é um dos proprietários, no papel, do famoso sítio de Atibaia — Lula já foi condenado por ter recebido, de empreiteiras, benfeitorias na propriedade, que ele passou a ocupar depois de deixar o Planalto.

A ação de hoje foi batizada de Mapa da Mina e teve origem na Aletheia, a 24ª fase da Lava Jato que, em março de 2016, realizou a condução coercitiva de Lula. O primogênito do petista é suspeito de participar de um esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico de influência.

À época da condução coercitiva do pai, Lulinha já estava na mira dos investigadores por causa dos repasses de empresas de telecomunicação para a Gamecorp. A Oi/Telemar repassou 132 milhões de reais para a empresa que tem o filho do petista como sócio. Segundo o Ministério Público Federal, os pagamentos  não possuem uma “justificativa econômica plausível”.

A Gamecorp tem como sócios, além de Lulinha e da própria Telemar, Kalil e Fernando Bittar, filhos de Jacob Bittar, amigo pessoal de Lula, e Jonas Suassuna. Com base nessas informações, a Polícia Federal abriu um inquérito específico para investigar as relações da empresa de Lulinha com a Oi/Telemar. A apuração é conduzida pelo delegado Dante Pegoraro.

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