Divulgação

Lobão, a extravagância da corrupção e o helicóptero no quintal

12.01.21 18:15

A excentricidade é uma das marcas registradas da crônica político-policial brasileira. Em geral, essa característica é realçada quando políticos multimilionários são flagrados em casos de corrupção e suas extravagâncias – não raro, com dinheiro público – saem da penumbra e ganham definitivamente os raios solares. Em 2017, a PF encontrou na sala de estar de Eike Batista uma Lamborghini Aventator branca avaliada em 3 milhões de reais. Todos tinham conhecimento da fortuna de Eike amealhada por meios ilícitos, mas a imagem do carro esportivo italiano sendo exibido quase como peça de decoração de um dos ambientes da mansão do empresário ajudou a amplificar o escândalo.

Nesta terça-feira, 12, mais uma vez o exotismo com dinheiro supostamente fruto de corrupção deu as caras numa nova ação da PF. Em busca de mais elementos sobre o esquema de corrupção na Petrobras, cerca de 70 policiais federais e outros dez auditores da Receita saíram às ruas nesta manhã para cumprir mandados de busca e apreensão em endereços ligados à família Lobão, cujo patriarca, Edison Lobão, é uma liderança fulgurante do MDB, além de ter sido ministro de Minas e Energia no governo de Dilma Rousseff.

O objetivo dos investigadores era vasculhar as residências do clã em busca de informações sobre o paradeiro de mais de 12 milhões de reais em propina pagos por empresas ao grupo criminoso, segundo o MPF, integrado pela família Lobão. Uma das metas era encontrar cerca de 100 obras de arte cujas compras teriam por finalidade lavar o dinheiro ilegal.

Mas a PF se deparou na residência de um dos filhos de Lobão com algo ainda mais insólito até para os padrões brasileiros: um helicóptero, exposto em um cômodo da casa fechado por vidro, ao lado do quintal. A aeronave (foto abaixo) chamou a atenção até dos policiais mais experientes.

Nos endereços em São Luís, capital do Maranhão e terra natal dos Lobão, os policiais ainda flagraram na garagem da residência vários automóveis de luxo. A ação foi batizada de Operação Vernissage. Para além de examinar o que foi encontrado, a PF pretende com as diligências avançar na investigação sobre o uso de imóveis para lavagem de dinheiro. Segundo os investigadores, no período dos desvios na Petrobras e na Transpetro, a família Lobão comprou um imóvel por 1 milhão de reais e o revendeu pouco tempo depois por 3 milhões. A suspeita é de que a compra tenha sido subfaturada para mascarar o uso de dinheiro sujo – o mesmo que deve ter bancado o helicóptero ostentado no quintal da casa do filho de Lobão.

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
Mais notícias
Assine agora
TOPO