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Julian Assange, entre jornalista e espião

23.05.19 17:56

Promotores americanos acusaram nesta quinta-feira, 23, o australiano Julian Assange, fundador do site de Wikileaks, de crimes de espionagem.

A acusação desperta preocupação entre os defensores da liberdade de expressão nos Estados Unidos, uma vez que esse mesmo expediente poderia ser usado contra jornalistas que recebem informações secretas de suas fontes. “Se Assange for condenado por espionagem, então acho que essa decisão poderia ter implicações para outros jornalistas”, diz Jane E. Kirtley, professora de ética e comunicação da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos.

Na história americana, apenas aqueles que entregaram informações aos jornalistas foram condenados. Os que receberam os dados e os publicaram sempre ficaram livres.

A questão central deste caso será saber se Assange atuou como jornalista ou como espião. O australiano se declara jornalista. Mas ele não editava as informações e também não as checava, práticas comuns na imprensa. Também é acusado de ter trabalhado para os russos. Ele publicou e-mails roubados por agentes de Moscou para prejudicar os democratas nas eleições de 2016, algo que o empurra para a condição de espião.

“Julian Assange não é um jornalista”, disse John Demers, procurador-geral do ministério da Justiça para assuntos de segurança nacional. Para Demers, o australiano somente estava concentrado em roubar e publicar informações secretas, o que colocou em risco a vida de informantes dos Estados Unidos no Iraque e no Afeganistão. Também teria ajudado o ex-analista militar Bradley Manning (hoje, Chelsea Manning) a quebrar uma senha, algo que teria ido além do ofício de jornalista.

A acusação que acaba de ser formulada nos Estados Unidos pode ter impacto nas futuras decisões dos tribunais ingleses, que ainda não decidiram sobre a extradição de Assange. O australiano deve passar 1 ano em uma cadeia em Londres por ter escapado de um mandado de prisão.

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