Investigado pela PF, líder do governo usou eleição no Senado para faltar a depoimento; filho ficou em silêncio

27.02.21 16:04

Investigado pela Polícia Federal, o líder do governo Jair Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra Coelho, do MDB, usou a eleição para a presidência da casa como argumento para desmarcar seu depoimento.

Os esclarecimentos de Bezerra na investigação sobre o suposto recebimento de propinas de empreiteiras haviam sido agendados em data sugerida pelo próprio parlamentar. A desistência, comunicada no dia em que os policiais o aguardavam para depor, fez com que a PF rejeitasse pedido para remarcar o depoimento. O conflito fez com que o deputado Fernando Coelho, filho de Bezerra, silenciasse, dias depois, quando foi ouvido pelos investigadores.

Pai e filho são alvo da Operação Desintegração, deflagrada em setembro de 2019, e mira o suposto pagamento de 5,5 milhões de reais em propinas aos dois. Os repasses teriam sido feitos por empreiteiras responsáveis pelas obras da transposição do Rio São Francisco e do Canal do Sertão. À época, Bezerra era ministro da Integração do governo Dilma Rousseff.

O inquérito está em fase final, e caminha para um relatório conclusivo da PF em que crimes serão atribuídos aos investigados. Delatores já foram ouvidos e reforçaram relatos de pagamento de propinas ao senador Bezerra e ao filho dele. A PF havia pedido, no fim do ano passado, para prorrogar a investigação para ouvir a dupla. O senador sugeriu marcar seu depoimento para 2 de fevereiro. Ocorre que, naquela data, ele comunicou à PF que, naquele mesmo dia, ocorreria a eleição da mesa diretora do Senado.

Os advogados de Bezerra tentaram, então, remarcar o depoimento para o dia seguinte. O pedido gerou desconforto na PF. Em resposta, a delegada Andrea Pinho ressaltou que, “ao marcar o depoimento para aquela data, Bezerra já estava ciente de que na véspera seria realizada a eleição da presidência do Senado, devendo ter-se precavido anteriormente diante de qualquer imprevisto“. Por falta de espaço na agenda, a PF se recusou a agendar uma nova oitiva.

Já o deputado Fernando Filho compareceu à Superintendência da PF em Pernambuco e afirmou que, por orientação de seus advogados, se reservaria ao “direito constitucional ao silêncio“.

Em nota, os advogados Bruno Lacerda, Eduardo Trindade e Fernando Lacerda Filho, que atuam na defesa de Fernando Bezerra Coelho e de Fernando Coelho Filho, afirmaram que o indeferimento de uma nova data para ouvir senador “sugere o desinteresse em colher o depoimento“.

Diante disso, a defesa recomendou que o deputado federal Fernando Bezerra Coelho Filho exercesse o direito constitucional ao silêncio, a despeito da intenção de ambos de esclarecer os fatos e afastar as falsas imputações apresentadas por pretenso colaborador“, diz o texto.

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