Horacio Cartes deu US$ 500 mil para financiar fuga de Messer, diz MPF

Mensagens encontradas nos celulares apreendidos com Dario Messer (foto) indicam que o doleiro recebeu 500 mil dólares do ex-presidente paraguaio Horacio Cartes para se manter foragido após a decretação de sua prisão pela Justiça brasileira, em maio de 2018.

Segundo o Ministério Público Federal, o elo entre Messer e Cartes nos supostos repasses foi o empresário Roque Fabiano Silveira, contrabandista de cigarros paraguaios acusado de assassinar um empresário em 1996 e um fiscal da Receita Federal em 2006, no Brasil.

O material apreendido, de acordo com o MPF, “demonstra claramente que Roque Silveira deu proteção e esconderijo” a Messer, além de ter sido o contato dele com o então presidente paraguaio, “que não só teria disponibilizado US$ 500 mil ao seu ‘irmão de alma’, como também o teria determinado a continuar foragido”.

Roque Silveira também teria ficado responsável por receber e ocultar esse dinheiro para Messer e, posteriormente, remeter os valores ao Brasil, em operações conhecidas como dólar-cabo. As transações teriam sido efetuadas pelo doleiro paraguaio Lucas Lucio Mereles Paredes, antigo parceiro de Messer.

Ao todo, 20 pessoas são alvos de pedido de prisão preventiva ou temporária decretada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Federal do Rio, na Operação Patrón, deflagrada nesta terça-feira, 19.

Entre eles estão Horacio Cartes, os operadores dele, a namorada de Messer, Myra de Oliveira Athayde, e a mãe e o padrasto dela, que teriam ajudado o doleiro a ocultar o dinheiro e manter-se foragido. Foi monitorando Myra que a Lava Jato conseguiu prender Messer em julho deste ano, em um apartamento alugado por ela em São Paulo.

O ex-presidente paraguaio ocupa atualmente o cargo de senador vitalício. O presidente do Congresso do Paraguai, senador Blas Llano, afirmou que Cartes tem foro privilegiado no país vizinho. A 7ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro vai pedir a extradição de Cartes, porque o Paraguai não tem o costume de prender cidadãos do país apenas com a inclusão do seu nome na lista de procurados da Interpol, como já foi feito.