Zanone Fraissat/Folhapress

Hoje próximo de Lula, Kassab foi contemplado com R$ 15 mi do ‘mensalão de Bolsonaro’

15.05.21 08:05

Um detalhe curioso na planilha de 3 bilhões de reais do orçamento paralelo de Jair Bolsonaro chama a atenção. Parte da dinheirama foi destinada ao presidente do PSD, Gilberto Kassab, que hoje trabalha para que o partido integre a aliança em torno de Lula, principal adversário de Jair Bolsonaro na corrida presidencial de 2022. Kassab, que inclusive esteve com o petista em Brasília na última semana, aparece na planilha atrelado ao recebimento de 15 milhões de reais.

O dinheiro teve como destino o caixa da prefeitura de Cotia, em São Paulo. O prefeito do município, Rogério Franco, também é do PSD e aliado de Kassab. Após a chancela do ex-ministro, o processo de liberação da verba se deu de forma rápida. Em 18 de dezembro, o prefeito de Cotia assinou um atestado “de capacidade técnica”, declaração necessária para o recebimento do recurso por intermédio do Ministério do Desenvolvimento Regional. Em menos de duas semanas, em 31 de dezembro, os trâmites para o repasse foram concluídos.

Contrato assinado por prefeito aliado de Kassab para receber o recurso
O dinheiro, segundo documento obtido por Crusoé, deve ser aplicado na melhoria da infraestrutura urbana do município, “através do recapeamento, reconstrução de pavimento, sinalização viária, além da construção de guias e calçadas”. No portal de convênios do governo federal consta que a primeira parcela de 1 milhão de reais foi paga no último mês. Já os 14 milhões de reais restantes serão liberados ao longo do segundo semestre.

Apesar de estar hoje mais próximo de Lula, Kassab atuou desde o final do ano passado para que os 35 deputados do PSD apoiassem a candidatura de Arthur Lira, aliado do Planalto, à presidência da Câmara. O processo que envolveu a eleição de Lira e de Rodrigo Pacheco ao comando das duas casas do Congresso representou o ápice da partilha do “mensalão de Bolsonaro”. Reportagem publicada na mais nova edição semanal de Crusoé mostra que ao menos uma parcela dos recursos liberados foi parar nas contas de empresas de amigos e familiares dos políticos agraciados com a liberação das verbas.

Procurado, Kassab disse, por meio de sua assessoria, que a destinação dos recursos à prefeitura comandada por seu aliado não constituiu uma moeda de troca pelo apoio a Bolsonaro. “Ao longo das últimas décadas (…) tem sido comum receber solicitações de prefeitos e vereadores de municípios do estado de São Paulo, para auxílio no encaminhamento de demandas locais junto ao governo federal e ao governo do meu estado. São pedidos liderados por colegas de partido ou de legendas aliadas. As demandas são apresentadas para avaliação dos governos, que são os responsáveis pelo acolhimento ou não das solicitações”, afirmou.

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  1. Para esclarecer. Se o orçamento é de 2020 tem q pagar até 31 de dezembro. Senão vai para exercícios anteriores. Se estava no orçamento ñ é oculto. O q tem de apurar é se houve desbio de finalidade da verba.

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