Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Grupo de deputado do ‘mercadão de emendas’ abasteceu caixa do PL

16.10.21 07:20

O grupo do deputado Josimar Maranhãozinho (foto), do PL do Maranhão, um dos parlamentares investigados por suposto envolvimento em um esquema de compra e venda de emendas no Congresso, repassou mais de meio milhão de reais para os cofres do Partido Liberal no ano passado.

Além do próprio deputado, que transferiu 314,4 mil reais para as contas dos diretórios nacional e estadual do PL, a legenda também foi contemplada com mais 270 mil reais repassados por dois advogados que defendem Maranhãozinho e mais uma série de políticos do Centrão.

Um deles, José Helias Sekeff do Lago, também é assessor parlamentar do deputado maranhense Edilázio Junior, do PSD, aliado de Maranhãozinho. Ele recebe salário bruto de 15,7 mil reais e doou 150 mil reais para o PL por meio de oito transferências feitas entre os dias 8 e 20 de maio do ano passado.

Indagado por Crusoé sobre o repasse para o PL, Lago deu uma resposta que resume bem como funciona o Centrão no Nordeste. Embora esteja lotado em um gabinete do PSD e tenha doado dinheiro para o PL, ele diz que hoje é dirigente local do Progressistas, partido do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e do presidente da Câmara, Arthur Lira.

“Fiz a doação para ajudar um amigo prefeito que não posso falar quem é. Ele estava saindo (da prefeitura) e me pediu: ajuda lá o Josimar que ele está precisando”, contou Lago. Segundo ele, o trabalho como assessor da Câmara é uma atividade “complementar”. Ele fica lotado no escritório político de Edilázio Junior em São Luís, capital maranhense.

“Eu estou servidor, mas sou advogado. Trabalho para o cara do PSD, mas advogo para esse pessoal todinho, do PL, do PP, para várias prefeituras, para grandes construtoras. Pode parecer estranho, mas eu tenho capacidade para fazer isso (doação de 150 mil reais) e tenho como provar. Só no ano passado meu escritório faturou 6 milhões de reais”, disse Lago, que foi o advogado de Maranhãozinho nas eleições de 2018.

Como mostrou Crusoé em sua mais recente ediçãoMaranhãozinho é um dos parlamentares investigados pelo Ministério Público e pela Polícia Federal por suposto envolvimento em um esquema de compra e venda de emendas parlamentares. Parte da verba vem do orçamento paralelo usado pelo governo Jair Bolsonaro para comprar apoio político no Congresso.

Segundo a investigação, o dinheiro das emendas é repassado a prefeituras maranhenses indicadas pelo deputado e depois transferido a empresas de fachada pertencentes ao grupo político de Maranhãozinho. Na sequência, a verba vai para a conta da Construtora Madry, uma empresa que está em nome do próprio parlamentar e de sua irmã.

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  1. É isso que a reforma administrativa pretende. A pessoa "está servidor" que exerce a função de "forma complementar", mas no fim, faz fortuna na "iniciativa privada" mamando no dinheiro público.

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