Marcelo Camargo/Agência Brasil

Genro de Paulinho da Força recebeu R$ 250 mil da JBS em contrato simulado

14.07.20 13:46

Investigação da Polícia Federal sobre supostos pagamentos ilícitos do Grupo J&F ao deputado federal Paulinho da Força (foto) identificou uma transferência de 250 mil reais da empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista para o escritório do advogado Cristiano Vilela, genro do parlamentar do Solidariedade.

O pagamento ocorreu em dezembro de 2012, logo após a campanha eleitoral na qual Paulinho foi candidato a prefeito de São Paulo. À PF, Joesley afirmou que o dinheiro era um repasse de caixa 2 ao político e que a transação foi disfarçada por meio de um contrato simulado de consultoria jurídica assinada pela JBS com Vilela. O serviço nunca foi realizado.

Paulinho da Força foi um dos alvos da Operação Dark Side, deflagrada nesta terça-feira, 14, pela PF no inquérito que investiga suposto caixa 2 de 1,7 milhão do grupo J&F para campanhas do deputado em 2010 e 2012. A ação foi autorizada pela Justiça Eleitoral de São Paulo, para onde a investigação foi remetida em 2019, após o Supremo Tribunal Federal decidir que crimes comuns conexos com crime de caixa 2 sejam julgados na esfera eleitoral.

Genro de Paulinho da Força, o advogado Cristiano Vilela atua em processos eleitorais para diferentes partidos, incluindo o PDT, ex-sigla do deputado. Em 2012, ano em que teria recebido a propina em nome do parlamentar, Vilela era chefe da gabinete da Secretaria Estadual do Trabalho, entregue pelo ex-governador Geraldo Alckmin, do PSDB, a Paulinho da Força.

Além do repasse da JBS a Vilela, a PF descobriu pagamentos da Força Sindical, também no período eleitoral, para o escritório do genro de Paulinho, no valor total de 269,3 mil reais.

Em sua delação premiada, Joesley Batista também afirmou ter feito pagamentos em espécie para o deputado federal. Segundo a PF, as entregas foram realizadas durante a campanha de 2012 para o assessor José Gaspar Ferraz, também alvo de buscas, no comitê de campanha de Paulinho, na cidade de São Paulo. Os recursos foram providenciados pelos doleiros Raul Pegazzano e Francisco Joaquim Melgar, conhecido como Paco.

Em abril deste ano, Paulinho foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República pelo suposto recebimento de 1,8 milhão de reais de recursos via caixa 2 da Odebrecht na campanha de 2014. Neste caso, os pagamentos foram feitos em dinheiro vivo na sede da Força Sindical.

No mesmo mês, o parlamentar foi condenado a 10 anos e 2 meses de prisão por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha por envolvimento em desvios de aportes do BNDES para empresas e prefeituras durante governos do PT. Ele nega ter praticado os crimes.

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