Adriano Machado/Crusoé

Funcionários do Ministério da Justiça relatam à PF pressão em extradição de Allan dos Santos

07.12.21 14:41

Três funcionários do Ministério da Justiça e Segurança Pública relataram à Polícia Federal que sofreram pressão da cúpula da pasta no processo de extradição do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos. Os servidores prestaram depoimento no âmbito de uma investigação sobre eventual obstrução do procedimento pelo alto escalão do governo federal. As informações são do jornal O Globo.

Os profissionais atuaram na extradição de Allan dos Santos por meio do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional, DRCI, atendendo a uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Os três afirmam que esta foi a primeira vez em que o comando do ministério pediu informações, cópia do processo e tentou interferir em um procedimento de extradição.

Ex-diretora do DRCI, a delegada Silvia Amélia Fonseca de Oliveira, demitida em meio ao procedimento, contou, que, em um telefonema, o chefe de gabinete do ministro, brigadeiro Antônio Ramirez Lorenzo, pediu informações sobre o caso do blogueiro. Como ela estava de férias, Silvia Amélia relatou ter encaminhado a demanda para a diretora substituta Priscila Campelo.

Campelo, por sua vez, disse que Lorenzo cobrou esclarecimentos sobre o “fluxo do processo de extradição ativa, bem como em que momentos tal processo passaria pelo MJSP e qual o papel do MJSP nas etapas do mencionado pedido de extradição“.

Lorenzo, contudo, não foi o único a, segundo os depoimentos, pressionar os servidores. Silvia Amélia narrou ainda que o secretário nacional de Justiça, Vicente Santini, chamou-a para uma reunião no dia 3 de novembro e reclamou sobre o processo do blogueiro. “O secretário Vicente mencionou que a ausência de informação sobre o caso do Allan dos Santos causou um desconforto para o próprio Secretário e para o MJSP“, completou.

Coordenador de extradição do DRCI, Rodrigo Sagastume acrescentou que Santini alegou que “gostaria de ter sido avisado sobre o processo de extradição de Allan dos Santos“. “O depoente teve a percepção que a reunião da tarde foi esvaziada diante do fato de que o processo de extradição de Allan dos Santos já havia sido remetido ao MRE, restando apenas o alerta de que novos casos sensíveis fossem reportados ao secretário“, concluiu.

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