Familiares pedem para Mandetta se demitir; aliados, para focar no trabalho

Enquanto familiares defendem que o ministro da Saúde peça demissão, aliados políticos aconselham Luiz Henrique Mandetta (foto) a resistir e a focar no trabalho. A avaliação desses aliados é de que o presidente Jair Bolsonaro quer forçar o ministro a pedir demissão e, assim, tentar colar nele a pecha de “covarde”, por “abandonar” o país em meio à pandemia do coronavírus.

Em entrevista à rádio Jovem Pan nesta quinta-feira, 2, Bolsonaro admitiu que ele e Mandetta não estão se “bicando há algum tempo”. Disse que “falta humildade” ao auxiliar e que nenhum de seus ministros é indemissível. O titular da Saúde respondeu, mas sem alimentar o embate com o presidente. “Quem tem mandato popular fala, e quem não tem, como eu, trabalha“, afirmou.

Depois da resposta, Mandetta foi à residência oficial do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, onde jantou com o senador e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Os dois parlamentares são do mesmo partido do ministro, o DEM. Na conversa, Maia e Alcolumbre aconselharam Mandetta a não se demitir, para evitar que Bolsonaro use isso para transferir a culpa da crise para o ministro.

Aliados dizem que, embora admita que a situação está ruim, o titular da Saúde demonstra disposição em resistir. “Ele é tinhoso”, afirmou um parlamentar do DEM a Crusoé. Segundo aliados, a alfinetada de Bolsonaro de ontem não foi o ponto alto da crise. O momento mais crítico, dizem, foi a conversa do ministro com o presidente no sábado, 28, no Palácio da Alvorada.

Segundo auxiliares, o apoio de outros ministros também vem ajudando Mandetta a resistir, principalmente os de Sergio Moro, Paulo Guedes e do general Braga Netto. Por outro lado, o grupo de Mandetta está muito irritado com os movimentos do deputado Osmar Terra para assumir a Saúde, o que fez até com que apelidassem o parlamentar de “Osmar Trevas”.

Entre os familiares do ministro que têm pedido para ele entregar o cargo está a mulher de Mandetta. Ela também é médica como ele e trabalha em um hospital público de Brasília.