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Fã de Pinochet e aliado de Bolsonaro, José Antonio Kast assume dianteira no Chile

07.11.21 18:15

O primeiro turno das eleições presidenciais no Chile está marcado para o dia 21 de novembro. Na pesquisa Pulso Ciudadano, o primeiro colocado nas intenções de voto é José Antonio Kast (foto), de extrema-direita. De agosto para cá, ele subiu de 6,3% para 22,2%. Seu rival mais próximo é Gabriel Boric, de esquerda, que no último mês caiu de 21,3% para 17,4%.

Kast tem um discurso contra imigrantes e a favor da ordem pública. Ele promete combater a criminalidade, a maior preocupação atual dos chilenos. Critica o governo atual por ser fraco em conter os atos violentos dos indígenas mapuches e pede punição aos que realizaram atos de vandalismo nos protestos de 2019. O candidato é aliado do presidente brasileiro Jair Bolsonaro, a quem costuma elogiar, fala em reduzir impostos e cortar o número de ministérios de 24 para 12. Em 2017, disse que, se o ditador Augusto Pinochet estivesse vivo, votaria nele.

Em grande parte, a subida de Kast nas pesquisas também se explica por um comportamento típico da direita do país. “Em geral, a direita sempre foi mais organizada que a esquerda ou que a centro-esquerda nas eleições. Os votos da direita historicamente tendem a se concentrar em um grande candidato. Uma demonstração disso é que muitos congressistas de direita e ex-ministros declararam apoio em Kast“, diz a socióloga Victoria León, encarregada da pesquisa Pulso Ciudadano, da Activa Research.

Nas últimas semanas, Kast atraiu os votos que eram de Sebastián Sichel, o vencedor das primárias da direita chilena que se vendia como um candidato independente. Mas Sichel passou a enfrentar problemas depois de ser acusado de receber financiamento irregular de empresas pesqueiras em uma campanha para deputado, em 2009.

Sichel era um candidato que tentava se aproximar do centro. Quando ele começou a cair, muitos eleitores de direita olharam para Kast, que defende pontos de vista conservadores e não tem medo de confrontação“, diz Victoria León.

Embora muitos chilenos estejam flertando perigosamente com a extrema-esquerda na redação de uma nova Constituição, Kast tem chances de vencer em um segundo turno. Como o voto é facultativo, a vitória dependerá principalmente da capacidade de os candidatos empolgarem seus eleitores e convencê-los a sair para votar.

Além disso, o principal candidato da esquerda que pode ir para o segundo turno, Gabriel Boric, perdeu quatro pontos percentuais no último mês. “Boric tem perdido apoio principalmente por causa de erros de sua campanha‘, diz Victoria León.

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