Exclusivo: sócio de Pedro Parente tem contrato de R$ 11 milhões, sem licitação, com a Petrobras

28.05.18 17:59

A Petrobras mantém um contrato, firmado sem licitação, com um sócio do presidente da estatal, Pedro Parente.

O empresário Odilon Nogueira Junior conseguiu o contrato com a estatal para prestar serviços de pesquisa e gestão em março de 2017. Cinco meses depois, ele passou a ser sócio de Pedro Parente.

Odilon Nogueira é proprietário da Dana Tecnologias, cujo endereço é a casa dele, em São Paulo.

À época da assinatura do contrato da Dana com a Petrobras, Pedro Parente já presidia a companhia havia dez meses. Não houve concorrência. O contrato, de 11,4 milhões de reais, vai até 2020. A justificativa legal para a dispensa de licitação foi a de que havia “inviabilidade fática ou jurídica de competição”.

O registro da Dana: contrato de 11,4 milhões de reais com a  Petrobras
O Portal da Transparência da Petrobras pouco informa sobre o objeto do contrato. Diz apenas que se trata de “serviço de consultoria para processo gestão da cultura”.

Cinco meses depois da assinatura do contrato, em agosto de 2017 Pedro Parente e Odilon Nogueira tornaram-se sócios. Ou seja: o presidente da Petrobras passou a ser parceiro de negócios de um empresário que tem contrato com a estatal – e sem licitação.

O empresário Odilon Nogueira Junior entrou na sociedade da Kenaz, de Pedro Parente, em agosto de 2017
A sociedade entre os dois se dá na Kenaz Participações, uma empresa criada para fazer investimentos e que tem como endereço um imóvel residencial do presidente da Petrobras.

Odilon Nogueira é sócio na pessoa física, enquanto Pedro Parente aparece por meio da Viedma Participações. O presidente da Petrobras é sócio da Viedma juntamente com a sua ex-mulher, Lúcia Hauptmann.

A Viedma tem 65% do capital social de 1,2 milhão de reais da Kenaz. Odilon Nogueira tem 17,5%.

Esse é o segundo caso em que Pedro Parente aparece relacionado a empresários que têm negócios com a Petrobras. Como Crusoé revelou na semana passada, a Kenaz também tem como sócio José Berenguer. Ele é presidente do banco JP Morgan no Brasil, que em maio deste ano recebeu da Petrobras, antecipadamente, o pagamento de cerca de 2 bilhões de reais (600 milhões de dólares) de um financiamento que venceria em 2022.

A Petrobras informou, em nota, que o pagamento rendeu um desconto de 74 milhões de reais. A estatal sustenta que não há conflito de interesses na transação.

Crusoé indagou a Petrobras sobre a sociedade de Pedro Parente com o empresário Odilon Nogueira Junior, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

Na noite desta segunda-feira, a estatal divulgou nota em que nega conflito de interesses, mas informa que Parente decidiu encaminhar o caso para apreciação de um comitê interno para as “devidas apurações”.

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