Adriano Machado/Crusoé

EXCLUSIVO: Salles fatura R$ 1 mi com transação imobiliária relâmpago em SP

01.06.21 11:13

Alvo de duas frentes de investigação envolvendo supostos esquemas de extração e exportação ilegal de madeira, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (foto), faturou 1 milhão de reais com uma transação relâmpago de um imóvel em São Paulo, concluída no início deste ano.

Documentos obtidos por Crusoé junto a cartórios de registro de imóveis mostram que Salles comprou um apartamento de 172 metros quadrados em julho do ano passado pelo valor de 1,9 milhão de reais. A unidade fica no mesmo condomínio onde ele já possui um duplex, no bairro dos Jardins, região nobre da capital paulista.

Seis meses depois, em janeiro deste ano, Salles vendeu o mesmo imóvel pelo preço declarado de 2,95 milhões de reais para a empresária Cláudia Marques Scodro, ex-mulher do ex-deputado federal Sandro Mabel. O preço de um imóvel no mesmo condomínio varia entre 2,2 milhões e 3 milhões de reais, de acordo com anúncios publicados na internet.

Investigadores costumam suspeitar de transações imobiliárias com alta valorização em curto espaço de tempo — no caso do apartamento de Salles, a valorização foi de 55% (confira abaixo o registro da transação em cartório).

Salles vendeu o apartamento por 1 milhão a mais do que pagou seis meses antes
No mesmo dia em que registrou a venda do apartamento para Cláudia Scodro, em 21 de janeiro deste ano, Ricardo Salles assinou um contrato de compra de uma casa de 330 metros quadrados pelo valor de 3,15 milhões de reais na Rua Honduras, na mesma região de São Paulo. Na matrícula do imóvel, consta que o ministrou financiou 800 mil reais junto ao Banco do Brasil. Segundo uma corretora que atua na região, o imóvel valia cerca de 4 milhões de reais.

Procurado por Crusoé, Salles afirmou que comprou o segundo apartamento em seu condomínio somente para reformá-lo e vendê-lo. Disse ainda que após  descontados os impostos e o custo da reforma, de 250 mil reais, além da comissão do vendedor, seu lucro não foi de 1 milhão, mas de 620 mil reais. “Comprei para isso. Como dinheiro não rende nada no banco, comprei, reformei, pus à venda e vendi”, afirmou o ministro. “O lucro da operação de compra e venda e reforma do imóvel foi de 620 e não 1 milhão”, acrescentou.

Salles disse ainda que os pagamentos foram feitos por meio de transferências bancárias e financiamento e que “não há nenhuma discrepância” nos valores das transações declarados nos registros. “Não tem um pagamento em dinheiro, não tem um pagamento por fora, zero.”

Nesta segunda-feira, 31, a Procuradoria-Geral da República pediu a abertura de inquérito ao Supremo Tribunal Federal para investigar Ricardo Salles por suspeita de ter praticado crime de advocacia administrativa e dificultado a investigação da PF sobre extração ilegal de madeira na região amazônica.

Além disso, Salles já é alvo de um inquérito no STF por suspeita de facilitar a exportação ilegal de madeira para os Estados Unidos. Nessa investigação, a PF destacou que o Coaf detectou transações financeiras atípicas na conta do escritório de advocacia do ministro, que movimentou 14,1 milhões de reais entre 2012 e 2020.

Com base nesse material, o ministro Alexandre de Moraes acolheu o pedido da PF e autorizou busca e apreensão em endereços ligados a Salles em São Paulo e Brasília, além da quebra de seu sigilo bancário e fiscal. O ministro do Meio Ambiente nega ter cometido qualquer crime.

No ano passado, Crusoé mostrou que Salles já é investigado pelo Ministério Público de São Paulo por suposto enriquecimento ilícito no período que antecedeu seu ingresso no governo de Jair Bolsonaro.

Entre 2012 e 2018, o patrimônio do ministro subiu de 1,4 milhão de reais para 8,8 milhões de reais. Nesse período, Salles intercalou a atuação como advogado na iniciativa privada com dois cargos públicos na gestão do ex-governador Geraldo Alckmin, do PSDB. Segundo ele, o salto patrimonial se deu em razão da valorização de seu duplex, após uma reforma.

Antes da decisão de Alexandre de Moraes, a Promotoria paulista já havia conseguido quebrar o sigilo de Ricardo Salles na Justiça estadual. Os dados revelados por Crusoé mostram que ele recebeu 2,75 milhões de reais da conta do escritório de advocacia que mantém em sociedade com a mãe.

O MP solicitou a quebra de sigilo das contas do escritório de Salles e de sua mãe no ano passado, mas até agora aguarda o envio dos extratos detalhados pelos bancos. Por causa das transações, o promotor Ricardo Manuel Castro encaminhou ofício ao Ministério Público Federal para que o ministro fosse investigado na esfera criminal, por suposta sonegação fiscal.

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  1. Insuportável ver um ministro ou ex-ministro do meio ambiente negociando madeira de lei de nossas florestas e enriquecendo com isso através de "tenebrosas transações". Merece ser preso e ter seus bens confiscados de acordo com a roubalheira. Vergonha! Grande predador. Socorro Sérgio Moro!

  2. JB, Salles e Pasuelo, vão entrar pra história pelo pesadelo vivido pelos brasileiros na destruição do meio ambiente, na pandemia fortalecida pelo negacionismo e por um PR despreparado q traiu seus eleitores. moro22

  3. Salles tal como Pazuelo e JB/família, jamais serão esquecidos pelos brasileiros por td mal q fizeram a este país.

    1. Stella, pelo que sei ainda não é proibido comprar e vender imóveis como objetivo de ganhar dinheiro, se tudo está registrado . Pelo geito a Crusoe tá virando uma publicação virada pra fofoca e não a informação do que realmente interessa.

  4. Salles é um BANDIDO no poder agindo em favor do MILICIANO BOLSONARO e seus comparsas com fins criminosos em desfavor da nação,da preservação do planeta ,dos direitos Humanos!

  5. Olhem a história. Comprou um apartamento com dinheiro da corrupção. Diz que fez umas obras e logo depois vendeu o apartamento com lucro de um milhão. Tudo isso em uma época que a economia do país estava em plena recessão. Alguém acredita? Mais ainda, vendeu para a ex-mulher de um bozista bem conhecido por estar ligado a escândalos de corrupção no Ibama, que, por sua vez, é subordinado ao ministro. Será que eu preciso explicar mais? Em um país civilizado, este tal de Salles já estaria na cadeia.

    1. José, disse-o bem " em um país civilizado" onde certamente um indivíduo como Renan estaria na cadeira não como relator de uma cpi. É f*da.

    2. Pois é Paulo. Estou sentindo falta do Joãozinho Mário Nyco Penico nesta notícia. Será que ele é cúmplice do Salles e está com medo de zurrar aqui?

  6. Não entendo o motivo de tanta inveja visto ser de conhecimento público que o sr Diogo Mainardi faturou muitos milhões a mais no acordo (troca-troca) com o Renan Calheiros.

  7. Tem que mandar logo esse marginal gatuno cínico e perigoso pra cadeia, antes que ele desertifique o BRASIL e surrupie ainda mais o erário!!!!

  8. O ex-ministro Palocci do PT, chegou até a pagar IR da parte do butim da corrupção petista. Salles acha que está justificando o quê? O Bolsonaro é igual ao Lula. Quem sabe esse Salles, não faça no futuro uma delação premiada. Ops...Bolsonaro colocou o Aras na PGR e acabou com a Lava Jato. Nisso, Bolsonaro é ainda pior que o Lula.

  9. Em um país decente já na primeira investigação o Ministro deveria ter sido afastado. Um Ministro de estado não deveria ter outras atividades financeiras também além do seu cargo no Ministério. Como aqui no Brasil é uma casa de mãe joana, tudo pode e acontece.

  10. Aos poucos vão se assemelhando aos antecessores ... É compra e venda de imóveis, franquias de chocolates, rachadinhas ... e por aí vai...

    1. É impressionante a voracidade da maioria daqueles que estão e dos que chegam ao poder para aumentar seus patrimônios .É revoltante, é ultrajante!!!

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