Joice Hasselmann

EXCLUSIVO: A guerra entre Eduardo Bolsonaro e Joice Hasselmann

06.12.18 17:30

O grupo de WhatsApp do PSL amanheceu em chamas nesta quinta-feira. E continua fervendo. Crusoé teve acesso a mensagens trocadas ao longo do dia pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente eleito Jair Bolsonaro, e a deputada eleita Joice Hasselmann, em que os dois se atacam. O pano de fundo da briga é uma disputa por poder e por protagonismo entre os atuais parlamentares do partido de Bolsonaro e os que se elegeram nas últimas eleições.

A confusão começou na madrugada, quando o deputado e presidente do PSL-SP, Major Olímpio, eleito senador nas eleições de outubro, criticou o fato de Joice Hasselmann estar conduzindo as articulações políticas do futuro governo. Joice o rebateu. As mensagens que deram início ao “barraco” foram noticiadas pelo site do jornal O Globo. Crusoé teve acesso aos torpedos que vieram a seguir.

Eduardo Bolsonaro saiu em defesa de Olímpio. Disse que Joice “não pensa o Brasil” e “atropela qualquer um que esteja à frente de seus objetivos”. Falou que os deputados do PSL começarão “o ano já rachados com olhar de desconfiança e cheios de dúvidas”. Em resposta, Joice atacou frontalmente o fillho de Jair Bolsonaro. Disse que Eduardo teve votação recorde pelo sobrenome (“Fez uma votação estrondosa apenas pelo sobrenome que tem”) e criticou a conduta dele como filho do presidente eleito (“Filho de presidente carrega o peso de ser filho de presidente e isso não pode prejudicar o partido e até mesmo virar vidraça para o presidente”).

Ela ainda pediu a Eduardo Bolsonaro que “cresça” e pare de mandar “recadinhos infantis via Twitter”. Nesta quarta, queixando-se da atuação dos eleitos nas negociações políticas em curso e sem citar Joice diretamente, ele postou mensagem dizendo que “apenas deputados que estão exercendo mandatos têm autonomia para fazer articulações no Congresso”. As mensagens, longas, evidenciam a existência de uma renhida disputa por poder, desde a campanha, no interior do partido de Jair Bolsonaro.

Leia a seguir a íntegra do embate entre os dois:

Eduardo Bolsonaro: “Como o PSL está fora das articulações estou fazendo o quê aqui agora com o líder do PR? Ocorre que eu não preciso nem posso ficar falando aos quatro cantos o que ando fazendo por ordem do presidente. Se eu botar a cara publicamente o (Rodrigo) Maia vai acelerar as pautas bombas no futuro governo. Por isso que tenho feito mais essa parte. O delegado Waldir no plenário e o Onyx via líderes partidários. Salta aos olhos a intenção da Joice de ser líder e assim como já demonstrou na época da campanha ela atropela qualquer um que esteja à frente de seus objetivos. Não pensa no Brasil nem na plataforma do PSL. Aconteceu de maneira bizarra com o Olímpio na época da eleição. Ela então candidata ao Senado se lançou sozinha ao governo de São Paulo atropelando Olímpio. Apenas Joice tem tido essa conduta. Com todos os demais tenho conversado, as pessoas me procuram como é que formam os gabinetes. Vamos começar o ano já rachados com olhar de desconfiança e cheios de dúvidas. Caso não tenham percebido na última reunião do PSL foi um discurso da Joice que preparou o terreno para receber o voto dos novinhos enquanto eu fui de coração aberto mostrando a realidade para vocês. Assim complica. Ademais, a Joice chamou uma reunião na data em que eu estava nos Estados Unidos para reforçar que eu estaria apenas viajando ao invés de dar conta do partido.”

Joice Hasselman: “Caro Eduardo, com todo o respeito que tenho por você, especialmente por conta do seu pai, preciso esclarecer: 1 – Eu não estou atropelando ninguém. Eu, muito antes de te conhecer, quando você sequer era deputado, já tinha as portas abertas com todos os líderes e presidentes dos partidos. Lembre-se que quando você se elegeu a primeira vez eu já trabalhava na política há mais de uma década e te conheci entrevistando seu pai. Não vou jogar o trânsito político que tenho no Congresso porque alguém bate o pé. 2 – Se você não está informado, todos os meus movimentos são feitos com o conhecimento e pré-conversas com Onyx e Bivar. Nada é feito sem conhecimento de ambos. Então por favor informe-se. Fará bem a você e ao partido. Tentei conversar com você algumas vezes para te informar o que estava acontecendo para trabalharmos em conjunto. Ontem mesmo foi o caso,  mas você marca e some. 3 – De fato salta aos olhos minha intenção de ser líder para que o partido tenha um líder de fato que possa atender aos anseios dos deputados do PSL e que tenha o respeito de todos, inclusive fora do partido para negociar de forma republicana. Filho de presidente carrega o peso de ser filho de presidente e isso não pode prejudicar o partido e até mesmo virar vidraça para o presidente da República. Essa é uma avaliação não só minha. Ademais, qual é o problema em eu ou qualquer outro candidato disputar a liderança? O fato de termos um deputado que também é filho do presidente por quem trabalharei todos os dias não nos exclui. Isso é democracia. Sabe o que é isso? Você é dentro do partido um parlamentar que fez uma votação estrondosa apenas pelo sobrenome que tem. Eu também fiz, sem sobrenome. Se quisermos ter 52 candidaturas podemos ter e decidir no voto e no debate, não por recadinhos infantis via Twitter. Cresça. 4 – Em relação ao Olímpio, sugiro que se informe de novo. Eu não tenho medo de tomar pito. Falo o que penso, não o que me mandam falar. A história é exatamente o inverso do que você escreveu. Quem foi truculento comigo foi o Major. Vou te relembrar. Seu pai Bolsonaro me convidou com todas as letras para ser candidata ao Senado e indicou Marcos Pontes como suplente. Olímpio se sentiu ameaçado e veio para cima, o que é do jogo. Quanto a história do governo do estado de São Paulo, peço que se informe com os filiados que lançaram meu nome como alternativa. Aliás, você estava lá, viu tudo o que aconteceu, aplaudiu, brincou com o assunto e depois foi pressionadinho pelo Olímpio e voltou atrás mandando de novo recadinho pelo Twitter. Era apenas o desejo de um grupo de filiados. Ademais, a legenda para esse tipo de disputa viria da nacional e não da estadual. Então, quem atropelou foi o presidente da estadual, Major Olímpio. Sugiro que de novo converse com o seu pai, o presidente eleito, e com o ex-presidente do partido que pode lhe informar sobre o que aconteceu. Optei por seguir como deputada porque Jair me disse que assim eu o ajudaria mais. Porém, ele me deixou claro que se eu quisesse seguir na disputa pelo governo de São Paulo sugerida pelos filiados eu o ajudaria dando palanque a ele e também ajudaria a eleger o Olímpio, mas poderia ir para o sacrifício. A história mostra que você e Olímpio estavam errados. Poderíamos ter dois senadores e um governador ou governadora. Paciência. Não crescemos mais por conta dessa falta de visão. Os deputados eleitos em diversos cantos dos nossos estados e país, federais e estaduais, estão insatisfeitos com vocês. Converse com Valéria Bolsonaro, Fred D’Ávila, com o príncipe Luiz Philippe. Ouça as pessoas. De vez em quando faz bem. 5 – Se estamos rachados é porque há uma jogada ARMADA sem o conhecimento da bancada para apresentar Waldir como líder em 2019 escolhido por Bolsonaro e por Olímpio. A bancada tem que ser ser ouvida. Simples assim. Ouça o que a bancada quer. No mais, eu não faço questão pessoal nenhuma de liderar nada. Estou preocupada com a bancada, com o partido e com a base do governo. Continuarei trabalhando por tudo isso e não preciso da liderança oficial para trabalhar pelo Brasil, mas nossos parlamentares precisam de um líder. Você tem meu telefone, Eduardo. Quando quiser conversar como gente grande, sem molecagem, sem mandar recadinho pelo Twitter. Ligue. Ou então venha falar comigo como adulto. Olho no olho. Sou adulta o suficiente para passar por cima do que aconteceu na época da campanha com o Major e companhia. Acho que você também deveria ser. Hora de crescer meu caro. Saudações.”

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
Mais notícias
Assine agora
TOPO