Najara Araujo/Câmara dos Deputados

Ex-assessor da Saúde, coronel nega oferta de propina em jantar e vínculo com Bolsonaro

10.07.21 18:23

Ex-assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, o tenente-coronel Marcelo Blanco (foto) negou que o ex-diretor da pasta Roberto Dias tenha exigido propina para a compra de vacinas em um jantar com o policial militar Luiz Paulo Dominguetti do qual ele também participou, em fevereiro, em um restaurante em Brasília.

“O encontro houve, o pedido não houve. Afirmo de forma categórica que não houve pedido”, disse Blanco a Crusoé. Exonerado do cargo a pedido em janeiro deste ano, o coronel também negou ter qualquer relação com o presidente Jair Bolsonaro e influência na indicação de diretores de hospitais federais no Rio de Janeiro, seu estado de origem.

“Nunca estive com nenhum dos filhos do presidente Bolsonaro e com o presidente Bolsonaro eu estive uma única vez, que foi na solenidade de posse do ministro (Eduardo) Pazuello, junto com tantos outros convidados”, afirmou Blanco, que atuou como diretor substituto de Logística do Ministério da Saúde e será ouvido pela CPI da Covid no Senado na próxima semana.

Como mostrou Crusoé em sua mais recente edição semanal, a CPI suspeita que Blanco possa ter sido um dos homens de Bolsonaro no Ministério da Saúde, inclusive sendo o fiador da indicação de nomes para hospitais federais no Rio. “Não conheço nenhum diretor de hospital federal. Apesar de ser carioca e de ter morado lá, eu nunca entrei em qualquer hospital federal do Rio”, rebateu.

O coronel afirmou que apenas apresentou Dominguetti ao então diretor de logística Roberto Dias para uma possível negociação de venda de vacinas da AstraZeneca e que sua relação com o policial militar que se apresenta como representante da empresa americana Davati para a venda de imunizantes ao Brasil estava relacionada à compra de insumos para o setor privado, para o qual começou a trabalhar após deixar o ministério, em janeiro deste ano.

“Ele (Dominguetti) queria enviar a proposta ao diretor logístico. Eu peguei os e-mails institucionais e entreguei a ele. Foi só isso o que aconteceu. Só que ele ficava me ligando o tempo todo perguntando: ‘E aí, por que o documento está parado’. Estão querendo me dar uma importância que nunca existiu”, disse Marcelo Blanco, que é militar da reserva do Exército.

Segundo ele, a aquisição de vacinas da AstraZeneca por meio da Davati “nunca prosperou porque a empresa e o Dominguetti jamais entregaram o conjunto de documentos probatórios que justificasse a instauração pelo Ministério da Saúde de um procedimento formal “. Blanco afirmou que o PM não tinha a documentação necessária “nem para o público nem para o privado”.

Sobre as mensagens extraídas do celular de Dominguetti pela CPI nas quais Blanco se refere ao pagamento de “1 milhão de dólares”, o coronel disse que o assunto não tinha nenhuma relação com a compra de vacinas, mas com um negócio envolvendo criptomoedas que o PM teria proposto a ele.

“Sinceramente, não sei o que o levou a criar essa história absolutamente surreal (do pedido de propina). Cabe à investigação responder a essa pergunta. Ele não apresentou nenhuma prova. Basta ver a vida pretérita dele (Dominguetti) para conhecer o perfil”, ressaltou Blanco.

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