Adriano Machado/Crusoé

‘Episódio bizarro’, diz Sergio Moro sobre vídeo de Alvim com frases nazistas

21.01.20 00:06

Não raro cauteloso ao comentar decisões e polêmicas envolvendo  o governo, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, instado a comentar o assunto pela bancada de jornalistas do programa Roda Viva nesta segunda-feira 20, criticou a postura do ex-secretário Especial de Cultura Roberto Alvim e classificou como “episódio bizarro” o vídeo em que o dramaturgo parafraseou um discurso nazista.

Moro contou que teve uma conversa privada com Bolsonaro sobre a situação de Alvim. “Dei minha opinião ao presidente e ele tomou a decisão correta. A situação era insustentável”, explicou o ministro, em entrevista ao programa da TV Cultura.

Durante a entrevista, Moro comentou a decisão do Congresso Nacional que criou a figura do juiz de garantias, a partir da qual o magistrado que conduzir a fase de instrução de um processo não poderá mais proferir a sentença. “A Câmara inseriu essa figura de maneira açodada”, criticou. “O texto tem imperfeições técnicas. E quando o sistema penal não funciona, há risco muito grande de impunidade”.

O ministro negou, ao ser perguntado, que seu primeiro ano à frente da pasta tenha sido marcado, na visão de jornalistas presentes, por “derrotas”, sobretudo no Congresso Nacional, por conta de articulações parlamentares para esvaziar o pacote anticrime. “O trabalho no Executivo às vezes passa despercebido”, comentou Moro, citando o que considera êxito de sua gestão, a redução de índices de criminalidade. “E mesmo na parte legislativa, é natural que haja discussões”, explicou.

Questionado a respeito de suas conversas privadas vazadas em junho do ano passado, ele classificou a divulgação como “um episódio menor, uma bobajarada”. Segundo ele, a publicação dos diálogos roubados por hackers foi usada “para soltar criminosos presos e enfraquecer o Ministério da Justiça”. Sergio Moro garantiu ainda ter “consciência absolutamente tranquila” quanto ao seu trabalho como juiz. Perguntado sobre a divulgação da delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci pouco antes da eleição, ele lembrou que as denúncias formuladas pelo ex-companheiro de Lula já eram de conhecimento público.

Sobre decisões e políticas do governo Bolsonaro que contrariam pensamentos anteriormente divulgados por ele, como a retirada de radares das rodovias, o ministro argumentou que “existe um chefe, uma cadeia de comando”. “Algumas decisões são do presidente e cabe aos ministros implementar. Eu não contrario publicamente o presidente”.

Sergio Moro falou sobre a discussão em andamento no Superior Tribunal de Justiça a respeito da possível federalização das investigações sobre a morte da ex-vereadora Marielle Franco, que ele classificou como “assassinato terrível”. O ministro rechaçou que uma eventual transferência da apuração do caso para a Polícia Federal possa gerar ingerências do Executivo no caso. “Nunca houve qualquer interferência indevida do presidente. Sempre se trabalhou para que os fatos fossem elucidados”, garantiu.

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