Geraldo Magela/Agência Senado

Em ano de crise, gastos do Ministério do Turismo com publicidade triplicam

14.07.20 11:48

Apesar da crise econômica, no primeiro semestre deste ano, os gastos do Ministério do Turismo com publicidade institucional mais que triplicaram em relação ao mesmo período de 2019 — as despesas saltaram de 10,3 milhões de reais para 33 milhões de reais. O valor é superior aos 32 milhões de reais desembolsados pela pasta com a rubrica em todo o ano passado.

O levantamento realizado por Crusoé baseia-se em dados disponibilizados pelo Siga Brasil, que reúne informações do Sistema Integrado de Administração Financeira, SIAFI, alimentado pelo governo federal. Os valores contemplam gastos do órgão com agências de publicidade e comunicação digital, por exemplo.

Em nota, o ministério afirmou que a fatia mais significativa dos pagamentos com publicidade “ocorreu nos primeiros meses, não coincidindo com o período da pandemia”. “Entre dezembro de 2019 e janeiro de 2020 foram aprovadas as campanhas de Gastronomia, Cadastur e Curso de Atendimento ao Turista, que responderam pela maior parte dos gastos”, disse.

Sobre as campanhas realizadas a partir do período de calamidade pública pelo novo coronavírus, decretado em março, a pasta argumentou que “o turismo foi um dos setores mais afetados” e, por isso, lançou as campanhas “Não cancele. Remarque” e “Consumidor.gov”. A primeira delas, ao custo de 2,3 milhões de reais, pretende “sensibilizar e mobilizar os turistas nacionais quanto ao não cancelamento de viagens domésticas diante da pandemia do novo coronavírus e, sim, remarcar as viagens/pacotes”.

A outra campanha, conforme o Ministério do Turismo, tem o objetivo de “estimular a população em geral a utilizar a plataforma de conciliação do governo federal para tratar de acordos com prestadoras de serviços turísticos e culturais no que diz respeito a remarcação de serviços”.

Os gastos do Turismo com publicidade só não foram superiores aos da Presidência da República, que desembolsou 60,4 milhões de reais no primeiro semestre de 2020. O montante quitado pelo órgão vinculado ao gabinete de Jair Bolsonaro, apesar de alto, caiu em relação ao mesmo período do passado, quando atingiu 76,4 milhões de reais.

Em um balanço geral, registraram alta nas despesas com publicidade, ainda, os ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovações; da Defesa; da Educação; da Infraestrutura; da Justiça e Segurança Pública; da Saúde; das Relações Exteriores; de Minas e Energia; e do Desenvolvimento Regional.

Os repasses destas pastas para a autopropaganda em 2020 totalizaram 7,9 milhões de reais. O montante é 4,6 milhões de reais superior às despesas do primeiro semestre 2019.

Cortaram gastos com a rubrica os ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; da Cidadania; e da Economia. Os custos da publicidade desses órgãos ficaram em 46,7 mil reais, em uma economia de 3,8 milhões de reais em relação aos seis primeiros meses do ano passado.

No total, os pagamentos do governo federal nos seis primeiros meses de 2020 com publicidade subiram em 7,5 milhões de reais, em comparação com o mesmo período de 2019. Os repasses saltaram de 93,8 milhões de reais para 101,4 milhões de reais.

Nesta segunda-feira, 13, a gestão Jair Bolsonaro publicou, no Diário Oficial da União, a previsão de mais 30 milhões de reais em despesas com uma campanha publicitária para divulgar ações da administração e apresentar ações para a “retomada do país, reduzindo os efeitos deixados pela crise da pandemia do coronavírus”.

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