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“É hora de o Brasil assumir uma liderança democrática na região”, diz María Corina, opositora venezuelana

21.11.18 13:01

No final de outubro, a opositora venezuelana María Corina Machado (foto) foi atacada por chavistas com pedras, paus e canos quando fazia um ato político na cidade de Upata, próxima à fronteira com o Brasil. Corina, uma das principais críticas do ditador Nicolás Maduro, não se intimidou e segue criticando a ditadura abertamente. Em entrevista para Crusoé, ela contou sobre o ataque e como vê a eleição de Jair Bolsonaro.

Como a senhora se recuperou do ataque que sofreu? Os golpes mais fortes que sofremos na Venezuela não são físicos. Eles envolvem o dano moral às nossas famílias e nossa devastação em todos os planos. Felizmente, em Upata, os moradores nos defenderam e nos protegeram. Foi uma reação extraordinária de apoio e confiança, um estímulo para a gente continuar na luta. Quero dizer aos brasileiros que a Venezuela é um país que está de pé. Ninguém aqui está submetido ou resignado. Pelo contrário, à medida em que o regime se tornou mais cruel, mais repressivo, os venezuelanos se uniram ainda mais. Agora, contamos com vocês, brasileiros, para encontrar não apenas a saída da tirania, mas também nos ajudar na reconstrução de uma sociedade próspera, segura, inclusiva e livre.

Qual é a importância da eleição de Jair Bolsonaro para a América Latina? É razoável esperar uma liderança brasileira. É impensável que os países da região permaneçam impassíveis e indiferentes diante de um Estado criminoso na Venezuela, que está assassinando a milhares de venezuelanos, expulsando a milhões de compatriotas e que, além disso, representa uma ameaça real para outras nações. A Venezuela hoje é um santuário para o narcotráfico e para o terrorismo. Daqui, os criminosos pretendem exportar este modelo, desestabilizando outras nações. Bolsonaro já mostrou que não irá tolerar essa atuação criminosa no futuro. É hora de o Brasil assumir uma liderança democrática na região.

Como? Em primeiro lugar, deixar claro que a indiferença e a colaboração com regimes corruptos e totalitários acabou. Também é preciso mostrar firmeza para promover a consolidação de instituições democráticas nos países da América Latina onde existem sistemas autoritários. O que falta conseguir é a coordenação das forças internas e externas. O povo, as forças institucionais civis e militares da Venezuela precisam estar bem sincronizadas com as forças diplomáticas, financeiras e policiais.

Bolsonaro é um risco ou uma esperança para a democracia brasileira? Creio que ele representa hoje uma esperança para a região. Todos os povos da América Latina estão cansados da corrupção obscena e descarada do passado. Chegou o momento de implantar instituições sólidas com oportunidades para todos os cidadãos por igual. Promover o conhecimento, a inovação, o empreendedorismo, a solidariedade e a geração de riqueza com trabalho e com esforço, e não com presentes dados pelo governo.

Por que em vários países da América Latina a direita saiu-se vencedora nas urnas? O que estamos vendo é uma rejeição ao populismo, ao clientelismo, ao sistema de privilégios, ao estatismo e ao centralismo. Também há um fastio em relação ao comunismo e ao socialismo, que buscam o controle do indivíduo pelo Estado. Isso tudo gerou muita corrupção, muitos privilégios. Na Venezuela, desenvolveu-se um sistema profundamente autoritário. Como reação, surgiram novas lideranças que acreditam no ser humano e na igualdade de oportunidades. Essas pessoas desejam uma gestão pública próxima do cidadão, que fale a verdade e que chama as coisas pelo seu nome, apesar de isso não parecer politicamente correto.

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  1. Obrigada, Crusoé. A Venezuela pode, sim, desestabilizar a região. Precisamos estar atentos a migração, terrorismo e tráfico de armas e drogas. E a presença dos cúmplices, Irã, Rússia e China, na Latam a partir da Venezuela.

    1. Quanto maior a desestabilização dos regimes totalitários que nos cercam, maior é o risco de nos envolvermos em um conflito armado. Não acredito que os facínoras que dominam a América latina cairão sem reação. Essa reação pode vir através de forças legais, como exércitos constituídos ou através de forças clandestinas. Precisamos sufocar ao máximo o as forças que estão ao lado dos "maduros" latino americanos. Precisamos manter séria vigilância contra ataques surpresa.

  2. O Brasil quase foi tomado, igual à Venezuela, enquanto dormia em berço esplêndido. O tempo do nosso distanciamento diplomático foi tragicamente rompido também pela intervenção na política de outros países, com Lula e Dilma levando corrupção e destruição. Hora de assumirmos nossas responsabilidades, hora de crescer.

  3. ‘Nova’ Pesquisa DATAntagonista: Continuação da tal da “Balança”: E se no outro prato forem colocados políticos tupiniquins?... Quantos??? (Quem acertar quantos; ou, não havendo vencedor, quem mais se aproximar; terá um jantar com o Diogo. Se alguém, por algum acaso duvidar da veracidade disto, pode perguntar diretamente a ele).

    1. Turma Lorenzetti = fantoches da resistência (a esquerdalha nem / nem / nem: nem trabalha; nem estuda; nem pensa).

  4. Antes, era obrigado a conviver com uma seita de esquerda. Agora, com duas. Pena que todos esses esforços não foram voltados para Meirelles ou Amoedo. Teríamos ENDIREITADO o país com mais classe. Agora, é torcer. Treino é treino, jogo é jogo.

  5. Pesquisa da minha DatAntagonista: ‘Se existisse uma “balança moral”, com esta Venezuelana num dos pratos, quantos congressistas brasileiros seria necessário colocar no outro prato para um equilíbrio?’

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