Secom/Bahia

Dono da Petrópolis diz que bancos recomendaram caixa 2 no exterior

24.02.20 14:07

Denunciado pela Lava Jato por ter recebido milhões de dólares de origem ilícita em contas secretas na Suíça, o empresário Walter Faria (foto), dono do Grupo Petrópolis, disse que os recursos faziam parte de um caixa 2 particular criado por recomendação dos próprios bancos.

Em depoimento prestado no dia 19 ao juiz federal Luiz Antonio Bonat, da 13ª Vara Criminal de Curitiba, Faria negou ter participado de um esquema de lavagem de dinheiro vinculado a um contrato da Petrobras e disse que seu “único erro” foi ter usado doleiros para fazer operações de dólar-cabo.

O empresário relatou que, por intermédio de um sobrinho, entregava reais em espécie a doleiros no Brasil para receber dólares em contas no exterior. A prática, segundo ele, foi recomendada pelos bancos Safra e BSI, da Suíça, para que ele tivesse uma reserva financeira fora do país.

“Os próprios bancos vinha (sic) atrás da gente para fazer caixa 2 e deixar lá fora. Eram os bancos que ficavam correndo atrás. E eu caí nesse erro”, disse Faria em depoimento. “O banco já trazia uma conta pra você. O banco trazia da prateleira a offshore”, completou.

O empresário admitiu ser o titular das contas secretas na Suíça e afirmou que não sabia a origem dos dólares depositados nelas. Segundo ele, cabia aos bancos fazer esse controle. “O banco não recebe dinheiro de político e traficante. Se era de uma conta suspeita, o banco não aceitava”, relatou.

Faria foi denunciado em setembro do ano passado junto com o sobrinho Vanuê Antônio da Silva Faria e Nelson de Oliveira pelo crime de lavagem de dinheiro. Os três são acusados de terem recebido de operadores financeiros, entre 2006 e 2007, 3,68 milhões de dólares em contas secretas na Suíça.

Na denúncia, o Ministério Público Federal do Paraná afirma que as operações foram feitas pelos lobistas Jorge Luz, Fernando Baiano e Júlio Camargo, e que os “possíveis destinatários” finais seriam os senadores Renan Calheiros e Jader Barbalho, do MDB, e o deputado Aníbal Ferreira Gomes, do DEM. Faria disse que não conhece pessoalmente nenhum deles.

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