Jefferson Rudy/Agência Senado

Dez anos após a Castelo de Areia, novo cerco a tucanos está sob ameaça 

02.08.20 13:36

É consenso entre investigadores e magistrados que atuaram em grandes casos de corrupção que a Operação Castelo de Areia, deflagrada em 2009, era o embrião da Lava Jato. O método espúrio descoberto era o mesmo: empreiteira pagando propina a políticos em troca de contratos públicos superfaturados.

Na ocasião, a empreiteira da vez era a Camargo Corrêa, onde foram apreendidas pela Polícia Federal naquele ano planilhas ligando repasses ilícitos a políticos de diversos partidos. Quem teve acesso aos arquivos sabe que a lista era recheada de lideranças e parlamentares do PSDB.

A Camargo era conhecida pela relação histórica com o governo paulista, há mais de duas décadas dominado pelo partido de Mario Covas, Geraldo Alckmin e José Serra. Pela ligação estreita, era chamada de empreiteira tucana, da mesma forma como a Odebrecht ficou vinculada ao PT pelos laços com o ex-presidente Lula.

Imaginava-se há dez anos que a Castelo de Areia fosse implodir o PSDB, o principal partido de oposição ao PT à época. Mas em janeiro de 2010, o então presidente do Superior Tribunal de Justiça, César Asfor Rocha, paralisou a operação com uma liminar, em pleno recesso.

O argumento usado era o de que os grampos telefônicos tinham sido autorizados pela Justiça Federal de São Paulo com base apenas em uma denúncia anônima. A operação ficou suspensa até abril de 2011, quando foi anulada definitivamente pela 6ª Turma do STJ.

O fim da Castelo de Areia virou um capítulo da Lava Jato. Isso porque o ex-ministro Antonio Palocci afirmou em delação premiada que a Camargo Corrêa pagou 5 milhões de dólares de propina a Asfor Rocha para paralisar a operação. A empreiteira e o ex-magistrado negam. O caso ainda está sob investigação do Ministério Público Federal.

Agora que a Lava Jato fechou o cerco aos tucanos de São Paulo, o filme parece se repetir. Na última quarta-feira, 29, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, também em decisão monocrática e durante o recesso, determinou a suspensão das investigações sobre o senador José Serra, acusado de lavar dinheiro desviado das obras do Rodoanel em uma conta da filha na  Suíça e de receber 5 milhões de reais de caixa dois de uma operadora de saúde.

O argumento utilizado pelo tucano e acolhido por Toffoli foi o do foro privilegiado. A defesa de Serra alegou que, por ser senador, ele não poderia ter sido alvo de busca e apreensão da Polícia Federal por decisão de um juiz da 1ª zona eleitoral e nem ter sido denunciado na primeira instância da Justiça Federal pela força-tarefa da Lava Jato em São Paulo. O caso será analisado na volta do recesso pelo ministro Gilmar Mendes, relator do processo.

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  1. O comentarista político, Moro, tem nos brindado com comentários diários, parcela significativa, atacando o governo do qual fez parte. Qual seria a razão de não se manifestar sobre os PSDBistas, Alckmin, Serra e outros ? Também não vejo o ex juiz se manifestar sobre os ministros Moraes e Toffoli do STF. Vai ser difícil aguentar o tranco, contra todos, exatamente como o atual presidente que o escolheu ministro. Não consegue criticá-los. É mais fácil trair os amigos que o respeitavam. Simples !!!

  2. Se há denúncias sobre políticos o Supremo tem o dever de deixar fluir a investigação a fim de não houver dúvidas sobre a imparcialidade do responsável pelo caso .

  3. O que temos visto nos últimos 20 anos, é que no Brasil políticos tem autorização para roubar. Os processos se arrastam e os crimes prescrevem. Eles sabem disso.

    1. Lógico que tem manipulação. Quem não lembra do velho ACM que manipulava o painel de votação no senado? Pq seria diferente no STF? Pois todos sabemos que o sapo togado é o grande capo que manda em tudo e tem todos em suas mãos, além de ser claramente um dos chefões do PSDB.

  4. O acordão das quadrilhas em pleno funcionamento e a sociedade honesta vai ter que lutar muito para interromper esse ciclo que recomeça.

  5. É condição 'sine qua non' para a sobrevivência de todos nós BRASILEIROS a todos os males que nos acometem, a erradicação total dessa marginalha corruptalha generalizada. Não serve o meio-termo, não serve o mais ou menos, não serve o "alguns", não é suficiente encarcerar uma parte. É preciso CADEIA AMPLA, GERAL e IRRESTRITA para todos eles, em TODOS OS QUADRANTES SEM EXCEÇÃO, com TOLERÂNCIA ABSOLUTAMENTE ZERO!!!

  6. boçalnaro, o messias brasilero, ressuscitou lula, negociou com deuses do stf perdão aos ladrões corruptos, abençoou o centrão, vai curar os doentes com cloroquina e cpmf..

    1. Edmundo pelo jeito quer que o caso Banestado chegue no Sergio Moro, mas pergunte ao PT ao PSDB empreiteiras e Globo quem enterrou as operações, e até porque o ex juiz já pegou no final o caso, já condenado ao enterro, na segunda chance e com mais estrutura Moro não deixou passar batido. Agora se repete a mesma coisa que aconteceu com o Banestado, com a força do Jair. Enterro

  7. Imagine o quadro seguinte: você chega ao hospital precisando de intervenção cirúrgica urgente. Todos estão prontos para ajudá-lo: o cirurgião é competente, seu assistente, também, merecendo elogios de todos o anestesiologista. Mas a operação é brecada por um diretor do hospital que se irritou com uma enfermeira por usar uniforme azul. Eis aí uma versão médica de chicana, com uma formalidade preterindo a substância. Faturas desse gênero tendem a terminar na vasta fenda glútea do contribuinte.

  8. Isso vai continuar enquanto forem eleitos deputados e senadores populistas que ganham votos dando uma ponte ou uma creche de esmola, e que não têm ampla consciência pública.

    1. O povo se acomodou . temos que voltar às ruas de máscara .Como devem rir de todos nós , esses vermes , pois não tem religião e não acreditam em vida pós morte . e também acham que vão fazer negociata com o demônio , pois Deus é bom e vai perdoa-los . Os seis bonzinhos do STF , que estão protegidos pelo mal . Nem resfriados pegam

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