Jefferson Rudy/Agência SenadoO ministro da Economia, Paulo Guedes: a cada dia mais fraco e mais vulnerável

Derrota na Câmara: Centrão não quer derrubar Guedes, mas interessa vê-lo mais vulnerável

06.10.21 19:01

A aprovação da convocação pela Câmara nesta quarta-feira, 6, por um placar elástico – 310 votos a 142 – de Paulo Guedes (foto) para fornecer esclarecimentos sobre a offshore mantida por ele nas Ilhas Virgens Britânicas dá a medida do desgaste do ministro da Economia no Congresso.

Em razão de seu estilo “trombador”, ou seja, pouco afeito ao flexível jogo político de Brasília, Guedes jamais conseguiu falar o mesmo idioma das lideranças políticas da Câmara e do Senado. Nos últimos tempos, no entanto, o fastio dos parlamentares, em especial os do Centrão, em relação ao titular da Economia, aumentou significativamente. Motivo: para os expoentes do bloco fisiológico, Guedes virou o principal entrave para fazer deslanchar os acordos eleitoreiros celebrados com o governo destinados a tirar Jair Bolsonaro das cordas.

Entre eles, o que prevê a prorrogação do auxílio emergencial e a criação do fundo de estabilização de preços de combustíveis, com recursos de dividendos da Petrobras e royalties de petróleo recebidos pela União.  As duas soluções são consideradas de complexa execução por integrantes da área econômica comandada por Guedes. O ministro até topa um auxílio temporário, desde que dentro do teto de gastos, regra que limita o crescimento das despesas à variação da inflação, o que contraria a maior parte dos parlamentares. A equipe econômica também não enxerga com bons olhos estabilizar o preço dos combustíveis com a criação de um fundo específico. O entendimento dos “Guedes boys” é que, além do impacto nas despesas, a solução gastaria dinheiro sem resolver o problema dos preços, ainda mais num momento de forte alta como agora. O problema é que essa era a cartada costurada entre o presidente da Câmara, Arthur Lira, e Jair Bolsonaro para resolver a questão.

A fragorosa derrota impingida pelo Centrão a Paulo Guedes não significa, porém, que sua tropa decidiu colocar a cabeça do ministro a prêmio. Nem que os parlamentares das legendas que compõem o bloco resolveram pagar de impolutos, a despeito de suas extensas fichas na Justiça, e passaram a achar que o ministro perdeu as condições morais de permanecer no cargo por ter uma offshore ativa nas Ilhas Virgens – Guedes sustenta que não houve atuação sua na empresa desde 2019.

A ideia, sussurram líderes do Centrão nos bastidores, é enfraquecê-lo politicamente para que Paulo Guedes fique mais vulnerável às pressões, indecorosas ou não, por ações eleitoreiras. A estratégia conta com a bênção de setores do governo.

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