Adriano Machado/Crusoé

Demitida por Damares, mulher de blogueiro bolsonarista denuncia ‘indícios de ilegalidades’

22.09.20 12:27

De saída do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, a secretária nacional de Políticas de Promoção de Igualdade Racial, Sandra Terena, denunciou suspeitas de ilegalidades em um convênio assinado pela pasta.

Sandra Terena teve sua exoneração publicada nesta terça-feira, 22, após seu nome e o de seu marido, o blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio, aparecerem em relatório da Polícia Federal no inquérito que trata dos atos antidemocráticos. Oswaldo Eustáquio chegou a ser preso em junho, mas foi solto pelo ministro Alexandre de Moraes. A PF afirma ser necessário avançar na investigação sobre a relação do grupo envolvido na organização dos atos com integrantes da pasta comandada por Damares Alves.

Às 16h15 da segunda-feira, 21, quando já sabia que seria demitida, Sandra Terena encaminhou um ofício à assessoria especial de Controle Interno do ministério. No documento, ela fala sobre a liberação de recursos para um convênio firmado com a Associação dos Jovens Aprendizes com Deficiência Visual de Sergipe para a execução de um projeto chamado Aprendizado Integrado. O ofício não menciona valores, mas diz que os recursos são provenientes de emenda parlamentar.

A agora ex-secretária de Políticas de Promoção de Igualdade Racial afirma que a associação estaria ligada “a uma série de Organizações da Sociedade Civil defendidas e representadas por uma única pessoa, com 18 CNPJs diversos e com várias emendas na pasta, o que poderia representar uma situação de ilegalidade de malversação de recurso público”. 

Ainda segundo o documento, a equipe técnica da secretaria comandada por Sandra Terena teria apurado que a sede da associação seria um pequeno imóvel que “não condiz com o volume de recursos encaminhados”. A presidente da entidade, Mafra Merys Ribeiro Lima Paz de Carvalho, teria utilizado o nome do ministério “de forma ilícita para captar tais recursos em benefício próprio, fato que é de ciência da Polícia Legislativa do Congresso Nacional”.

“Assim, ad cautela, e cumprindo o objetivo de combate a qualquer indício de atos de corrupção neste governo, os processos foram bloqueados na Coordenação-Geral de Gestão para análise e avaliação”, diz Sandra Terena.

Crusoé encontrou no Portal da Transparência do governo os registros de dois pagamentos para a associação. Um no valor de 1 milhão de reais, realizado em outubro de 2019 e com origem em uma emenda do deputado Jony Marcos, do PRB de Sergipe, e outro no valor de 500 mil reais, efetuado em 19 de agosto de 2020, como emenda da Comissão de Legislação Participativa.

No ofício, Sandra Terena registra que se reuniu com a ministra Damares Alves antes de elaborar o documento. O encontro, segundo ela, ocorreu na quinta-feira, 17.

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