Edilson Rodrigues/Agência Senado

Delator cita mais três parlamentares em investigação que levou a PF até Chico Rodrigues

31.10.20 08:01

Afastado do mandato de senador após ter sido flagrado pela Polícia Federal com dinheiro entre as nádegas, o senador Chico Rodrigues, do DEM, não é o único parlamentar suspeito de integrar um esquema de desvio de verba de emenda parlamentar destinada ao combate à Covid-19 em Roraima.

Em depoimento prestado à PF em abril, cujo sigilo foi levantado agora pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, um ex-funcionário da Secretaria de Saúde de Roraima envolveu os outros dois senadores eleitos pelo estado e um deputado federal no esquema que direcionava contratos emergenciais para compra de testes rápidos e até ar-condicionado para empresas ligadas aos políticos.

Segundo Francisvaldo de Melo Paixão, que trabalhou na coordenação geral de urgência e emergência da secretaria entre janeiro e abril deste ano, o senador Mecias de Jesus (foto) e o deputado federal Jhonatan de Jesus, ambos do Republicanos, e o senador Telmário Mota, do PROS, também fazem parte da suposta organização criminosa ligada a Chico Rodrigues.

Jhonatan e Mecias destinaram 5 milhões de reais, ao todo, em emendas para a compra de testes rápidos de coronavírus em Roraima. Segundo o delator, intermediários dos dois parlamentares no estado o pressionaram a direcionar a licitação para a compra dos kits. Já o senador Telmário teria destinado 8 milhões de reais para a pasta e escalou o mesmo intermediário, o vereador Rômulo Amorim, para tratar das contratações.

A Polícia Federal chegou a pedir ao ministro Barroso autorização para fazer busca e apreensão nos endereços de Telmário junto com a operação que flagrou Chico Rodrigues com dinheiro escondido entre as nádegas, mas a Procuradoria-Geral da República se manifestou contra o pleito alegando ausência de indícios e o ministro indeferiu o pedido. Os parlamentares, contudo, seguem sob investigação no inquérito que tramita no Supremo.

Em nota, a assessoria de senador Mecias de Jesus e do deputado Jhonatan de Jesus negou haver irregularidades envolvendo os parlamentares. Segundo eles, as emendas de 2,5 milhões de reais enviadas por cada um ao governo de Roraima ainda não foram destinadas a qualquer contratação. “A busca por recursos ao Estado é inerente à atividade parlamentar. Todavia, os parlamentares não têm ou tiveram qualquer ingerência na destinação dos recursos”, afirmam em nota.

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