Adriano Machado/Crusoé

CPI suspeita que Ernesto Araújo agiu para favorecer farmacêutica investigada

21.06.21 07:32

Além de mobilizar a diplomacia brasileira mundo afora para conseguir matéria-prima para a produção de hidroxicloroquina, Ernesto Araújo pode ter atuado para favorecer a farmacêutica EMS, do empresário Carlos Sanchez. É o que suspeitam integrantes da CPI da Covid.

Em 3 de abril de 2020, em meio às restrições de exportações de insumos médicos pela Índia, o então chanceler – agora oficialmente investigado pela comissão – enviou carta para seu homólogo indiano, Subrahmanyam Jaishankar, solicitando a liberação de uma carga adquirida pela empresa contendo meia tonelada de insumos para produzir cloroquina. O documento era secreto e teve seu sigilo levantado por decisão da CPI, que investiga a EMS.

“Enquanto o Brasil espera que a Índia continue a ajudar a garantir o fornecimento regular de insumos essenciais para nossa indústria farmacêutica, estou escrevendo hoje especificamente a respeito de duas remessas de sulfato de hidroxicloroquina, totalizando 530 kg, que aguardam liberação no Aeroporto Internacional Rajiv Gandhi, em Hyderabad”, escreveu Ernesto. “Este lote de 530 kg faz parte de um pedido maior de 5.750 kg de hidroxicloroquina que está sendo produzido pela Srini Pharmaceuticals Ltd. para compra pela EMS S/A, grande fabricante de produtos farmacêuticos do Brasil”, acrescentou.

No começo do mês, reportagem do jornal O Globo mostrou, com base em um telegrama do Itamaraty, que Jair Bolsonaro pediu ao premiê indiano, Narendra Modi, liberações de cargas de cloroquina adquiridas pela EMS e também pela empresa Apsen. O pedido ocorreu durante ligação telefônica em 4 de abril, um dia após a carta enviada por Ernesto Araújo.

Não há, no pacote de documentos entregues pelo Itamaraty e que tiveram o sigilo quebrado pela CPI, uma carta semelhante, escrita pessoalmente por Ernesto, em favor de outras empresas fabricantes de cloroquina — daí a desconfiança dos senadores de que ele estava agindo especificamente para favorecer interesses econômicos da EMS.

À CPI, a farmacêutica informou que faturou 20,9 milhões de reais com a hidroxicloroquina em 2020, vinte vezes mais do que em 2019, antes da eclosão da pandemia. Até o final de 2021, a previsão da empresa é de que o medicamento renda outros 19,2 milhões de reais.

Em nota, a EMS informou que passou a comercializar a hidroxicloroquina apenas a partir de novembro de 2019, ano em que faturou 1 milhão de reais com o medicamento. A empresa afirma que “a relação com governos, em todas as instâncias, é institucional” e que “os pedidos de apoio para liberar a carga de insumos seguiram todos os preceitos legais”.

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  1. 1- Um medicamento tem demanda inelástica. É como o sal de cozinha. Você não compra mais sal, do que aquela quantidade que usa para salgar a comida. A clororoquina é utilizada para determinadas doenças, cuja prescrição é determinada. O paciente não vai tomar o dobro de comprimidos para melhorar. Ele vai tomar a quantidade necessária. Então por que importaram essa quantidade de sal da Índia, para fabricar um medicamento, que era apontado como ineficaz por diversos estudos científicos sérios?

    1. 2- Eu nasci a noite, mas não ontem a noite. EXISTIU A PORRA DO ESQUEMA DA CLOROQUINA, CARALHO. É lógico, é palpável, é nítido. Sabiam que poderiam comprar uma grande quantidade de sal, porque sabiam que haveria demanda. Demanda essa, que seria gerada pela rede de desinformação que foi azeitada ao longo do governo Bolsonaro. Isso me enoja. Isso me deixa um pouco além do que simplesmente indignado.

  2. Vamos falar o português claro, sejamos objetivos. Não vamos tergiversar: O GOVERNO BOLSONARO É GENOCIDA E CORRUPTO. O Esquema da Cloroquina prova isso. A negociação da vacina Covaxin reforça isso. As toneladas do sal disfofato comprado da Índia, geraram lucros exorbitantes para as farmacêuticas. Todo o mundo atrás de medicamentos para o tratamento da covid, e aqui no Brasil, medicamentos INEFICAZES são alçados a esse status, pela atuação do Bolsonaro e dos bolsonaristas.

  3. Por trás do fascínio pela cloroquina havia dias grandes intenções: 1) ganhar muito dinheiro com medicamentos inúteis; 2) matar muita gente. Bozismo é genocida e corrupto.

    1. Este não era o governo sem corrupção?????? C Turma de ladrao , esperar o que de um cara que tem 30 anos de escola no congresso , antes era no sigilo , agora veio para vitrine (presidente), vamos ter que torcer para CPI , pois vão levar até os móveis do palácio!!!!

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