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Covas encarna ‘estilo Alckmin’ e mira independência de Doria

30.11.20 20:30

Embora tenha chegado ao comando da maior cidade do país pelas mãos de João Doria, que o escolheu como vice em 2016 e depois entregou-lhe a prefeitura para disputar o governo do estado em 2018, o prefeito reeleito de São Paulo, Bruno Covas (foto), é devoto e até copia o estilo de outro padrinho político tucano, o ex-governador Geraldo Alckmin.

Das respostas decoradas nos debates, muitas vezes iniciadas com a expressão “esse é um grande desafio”, ao flerte com políticos mais à esquerda, como Marta Suplicy, Covas se espelha em Alckmin até na ênfase que dá ao fazer promessas, como gerar “emprego, emprego, emprego”, e na forma de fugir de perguntas, se apropriando de uma piada do ex-governador de que o único cargo para o qual deseja se candidatar é o de presidente do Santos Futebol Clube, time de ambos.

Alckmin seria o coordenador de campanha de Covas, não fosse a denúncia feita pelo Ministério Público paulista contra o ex-governador pouco antes do início da eleição municipal por corrupção, lavagem de dinheiro e caixa 2 pelo suposto recebimento de pagamentos ilícitos da Odebrecht em 2010 e 2014. Seria um gesto pequeno mais simbólico de gratidão que o prefeito tem por Alckmin, que já o empregou como secretário do Meio Ambiente no estado.

Tucanos ouvidos por Crusoé ressaltam que a vitória de Covas sobre Guilherme Boulos, do PSOL, no segundo turno no domingo, 29, é muito mais uma conquista pessoal do prefeito do que de João Doria, que foi escondido pela campanha de Covas por causa do alto índice de rejeição que ainda enfrenta na cidade, superior a 50% e pouco inferior ao do presidente Jair Bolsonaro.

Mesmo antes de Doria assumir o governo de São Paulo, no ano passado, Covas já havia promovido mudanças no seu secretariado herdado do ex-prefeito para colocar gente do seu time, que é muito mais afinado com o “velho PSDB” criticado por Doria após sua vitória apertada nas urnas contra Márcio França em 2018 e a retumbante derrota de Alckmin na corrida presidencial. O prefeito também acabou com alguns programas midiáticos lançados por Doria.

Uma ala tucana acredita que, ao contrário de Doria, que defendeu há dois anos uma guinada à direita na onda bolsonarista, é Bruno Covas quem encarna a verdadeira renovação do PSDB, preservando o DNA do partido, que, no caso de São Paulo, foi moldado em grande medida por Alckmin, que governou o estado por 13 anos. Em 2018, uma parte da legenda chegou a defender que Covas saísse candidato a governador em vez de Doria.

A perspectiva é de que a nova gestão de Covas, agora respaldada pelas urnas, seja ainda mais autônoma do governo Doria. Essa independência política poderá, inclusive, contrapor aos interesses do atual governador. Uma das probabilidades já cogitadas é o grupo de Covas encampar o retorno de Alckmin ao governo estadual em 2022. O plano traçado por Doria é apoiar o vice-governador Rodrigo Garcia, do DEM, em troca de apoio da legenda à sua candidatura presidencial.

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  1. Que furada, Antagonistas! (não me refiro a furo). O PSDB é esse partido gigante em São Paulo por obra do extraordinário Político Franco Montoro. Mário Covas é cópia fiel do Cidadão e Político Franco Montoro (inclusive nomeado por este Prefeito de São Paulo na ditadura!) e fortaleceu muito a sua identidade paulistana. Dória nunca foi padrinho de Bruno. Dória precisou de Bruno para ser prefeito de São Paulo, até na escolha (FHC não queria!). Bruno Covas tem luz própria! Parem de fofoca!

    1. GERALDO ALCKMIN PRÁTICA DE CORRUPÇÃO..O PSDB PRECISA DE RENOVAÇÃO OXIGENAÇÃO

  2. O sucesso do PSDB em SP, não foi não é e nunca será o estilo Dória. Dória é oportunista já Covas apesar de toda a pressão exercida por Dória sabe ser PSDB raiz. Covas sim tem a cara do PSDB paulista. Este não é centro esquerda ou centro direita este e centro de verdade centro que interessa a população, centro que administra e construiu o melhor estado da nação. Ou ainda há dúvidas de que SP é o melhor estado do país?...

    1. O conceito de bom ou do superlativo melhor é subjetivo, José.A argumentação sofismática não irá esconder a objetividade de SP ter o maior PIB, a maior população, a maior base industrial e os maiores problemas agregados também. São Paulo não é para amadores e idólatras de esquerda ou de direita. Sectarismo e a visão simplória que não deveriam ser suas, são dificuldades e desafios a vencer pelo eleito. Imagine se fosse o outro...

    2. Quanto de floresta SP tem? Menos de 5%, enquanto o mínimo exigido pelos cientistas seria 20%. Sem floresta, não há água mas há erosão, seca, ar impuro, etc. Portanto, São Paulo não é o melhor estado da nação!

  3. Todos sabemos que o Dória não é e nunca foi PSDB raiz. No máximo um PP envergonhado. O PSDB ainda procura por um líder nacional, pois tanto Aecio como Serra foram dizimados pelas urnas e pela corrupção!

    1. E Geraldo Alckmin Prática de Corrupção...O PSDB PRECISA DE RENOVAÇÃO...

    2. Ccovas esta certo, está fugindo de Dória, pois se foi eleito no 2º turno nada teve de J Doria, foi um estrategista diante do que lhe sobrou a fazer.

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