Dia do fico: confira as principais declarações do ministro da Saúde
06.04.20 22:12A incerteza sobre a permanência de Luiz Henrique Mandetta à frente do Ministério da Saúde dominou as discussões políticas nesta segunda-feira, 6. À noite, após uma reunião de quase duas horas com o presidente Jair Bolsonaro e outros integrantes da Esplanada, o ministro anunciou que permanece no cargo para “enfrentar um inimigo com nome e sobrenome: a Covid-19”. “Vamos continuar”, anunciou.
Mandetta falou à imprensa logo depois da reunião. Ele voltou ao Ministério da Saúde e foi recebido com uma salva de aplausos pelos funcionários (foto). No pronunciamento, assumiu o microfone com bom humor, elogiou o corpo técnico da pasta e repetiu uma frase dita na sexta-feira, 3, um dia após Bolsonaro dizer que lhe “faltava humildade” e ressaltar que “nenhum ministro é indemissível”: “Médico não abandona paciente”.
O ministro fez questão de dizer que passou o dia “um pouco mais apreensivo” devido às especulações sobre sua demissão. “Hoje foi um dia que rendeu muito pouco o trabalho. Ficaram com a cabeça avoada se eu iria permanecer, se eu iria sair. Gente aqui dentro limpando gavetas. Até as minhas gavetas”, afirmou.
O ministro disse “não ter problemas com críticas construtivas”. Ressaltou, no entanto, que, ao longo dos últimos dias, as palavras direcionadas ao ministério ultrapassaram esse nível e levaram a “dificuldades ao trabalho”. “Isso, não preciso traduzir, vocês sabem, tem sido uma constante”, declarou.
Mandetta assegurou que nada mudará no trabalho do ministério até aqui: a técnica e a ciência continuarão prevalecendo, apesar dos “barulhos que vêm ao lado”. “Ciência, ciência. Não vamos perder o foco: ciências, disciplina, planejamento, foco. Não perca. Esses barulhos que vêm ao lado, esquece.” A regra aplica-se à autorização do uso da cloroquina no tratamento da Covid-19 que, garantiu Mandetta, não será estabelecida antes de estudos que atestem sua eficácia.
O ministro disse que, após a reunião ministerial, foi levado para uma sala onde estavam um anestesista e um imunologista, ambos levados ao Planalto pelo próprio presidente, que defenderam a adoção da cloroquina como protocolo por meio de um decreto presidencial. Mandetta foi enfático ao dizer que não topa a medida, ressaltando que antes é preciso seguir as evidências científicas. Bolsonaro tem divergido do ministro quanto à adoção do medicamento.
Em nenhum momento, o ministro mencionou o nome do presidente. Mas fez alusão ao Mito das Cavernas, livro que, segundo ele, passou o sábado relendo. A obra de Platão trata da libertação por meio da verdade, do conhecimento e da luz. Mandetta também agradeceu a artistas que abriram espaço em lives que fizeram no fim de semana para que ele defendesse a importância do isolamento social. Detalhe: a participação nas transmissões, segundo assessores palacianos, ampliou a irritação de Bolsonaro com o ministro e foi o que levou o presidente a ameaçar usar a “caneta” contra alguns de seus auxiliares que, disse, estão “se achando” e viraram “estrelas”.
A seguir, as principais declarações de Mandetta:
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