Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

Confira os destaques da entrevista de Mandetta e ministros

07.04.20 19:31

Um dia após vivenciar o ápice do desgaste com o presidente Jair Bolsonaro e passar por uma experiência de quase-demissão, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (foto), voltou ao Palácio do Planalto nesta terça-feira, 7. Ao lado do chefe da Casa Civil, general Braga Netto, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participou da entrevista coletiva sobre as medidas emergenciais adotadas pelo governo no combate ao novo coronavírus, que já infectou 13.717 pessoas no país e matou outras 667. 

No entanto, ao contrário da segunda-feira, 6, quando emitiu recados claros para o presidente, o titular da Saúde, dessa vez, resolveu adotar uma postura mais sóbria. Perguntado sobre ter balançado no cargo ontem, preferiu contemporizar: “A gente tem de olhar para frente. Precisamos agora é de união, da participação de todos e de foco”, disse. “Às vezes, as pessoas têm opiniões divergentes. E é normal que tenham”, completou.

O ponto alto da entrevista foi quando o ministro falou sobre o tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus com cloroquina — um dos principais pomos da discórdia entre ele e Bolsonaro, entusiasta do uso do medicamento. Pela primeira vez, Mandetta abriu a possibilidade de os médicos prescreverem a substância para pacientes com sintomas leves, desde que assumam inteira responsabilidade pela prescrição. Porém, o ministro esclareceu que, por enquanto, a pasta só vai recomendar oficialmente a utilização da substância para casos mais graves, em razão dos riscos à saúde dos pacientes provocados pelos efeitos colaterais do medicamento.

Mais uma vez, o ministro mostrou preocupação com o estoque de equipamentos de proteção individual, os EPIs. Para resolver o impasse, Mandetta disse ter ligado para o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming — o gigante asiático é o principal produtor dos materiais. “Iniciaremos um trabalho conjunto para que cada compra que formos fazer, cada contrato que fizermos, tenha mais transparência, solidez e informações”, contou. 

Abaixo, os principais destaques da entrevista:

Reunião ministerial

O ministro da Casa Civil, general Braga Netto, afirmou que a reunião de segunda-feira, 6, entre o presidente Jair Bolsonaro e ministros do governo não foi convocada para tratar da demissão do chefe da pasta da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. “O presidente tem o direito de convocar uma reunião de ministros e o assunto que foi tratado lá é um assunto que vai ficar somente na reunião”, afirmou.

Panos quentes

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, evitou entrar em bola dividida. Questionado sobre sua quase-exoneração, o ministro pôs panos quentes: “A gente tem de olhar para a frente”.

R$ 50 milhões para pesquisas

Braga Netto anunciou que o governo destinará 50 milhões de reais para programas de pesquisas sobre a Covid-19. “Pesquisadores de todo o país poderão inscrever seus projetos em 11 linhas temáticas sobre prevenção, tratamento, controle, diagnóstico e produção de vacinas”, afirmou o ministro da Casa Civil.

Repatriação de brasileiros

Braga Netto afirmou que, desde o início da crise, o Brasil já repatriou mais de 12 mil cidadãos que estavam fora do país. Nesta terça-feira, 7, segundo ele, foram resgatadas 129 pessoas que estavam em Cochabamba, na Bolívia.

Uso da cloroquina

Mandetta garantiu que não adotará medidas contra os médicos que usarem a cloroquina em casos leves do novo coronavírus. O titular da pasta ressaltou, no entanto, que o profissional precisa se responsabilizar individualmente pela prescrição e esclareceu que é cedo para a pasta recomendar de forma generalizada o tratamento. “Se o médico quiser se responsabilizar individualmente, não tem óbice nenhum. Ninguém vai reter receita. Mas o médico deve alertar o doente dos riscos que existem, da impressão que ele tem, da pouca literatura que existe sobre o assunto, da pouca evidência científica. Faça até termo de consentimento, se achar que deve”.

Efeitos adversos do medicamento

O secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos do Ministério da Saúde, Denizar Vianna, lembrou que os medicamentos como cloroquina e hidroxicloroquina são usados há muitos anos para doenças como malária, lúpus e artrite reumatoide. “Há, portanto, um conhecimento prévio muito grande desses medicamentos, tanto de seus benefícios, quanto de seus potenciais efeitos adversos”, explicou Denizar. O secretário afirmou que a preocupação da pasta é com a possibilidade a cloroquina gerar arritmia cardíaca nos pacientes. “Antes de usar, tem que fazer um eletrocardiograma, tem que haver monitoramento ao longo do tratamento. Daí a importância de o tratamento ocorrer dentro do ambiente hospitalar”, explicou.

Pacientes hospitalizados

Denizar argumentou que, diante dos riscos de efeitos adversos, o Ministério da Saúde tomou a decisão de indicar apenas para casos graves. “Se o paciente tem um quadro de falta de ar, indícios de pneumonia bilateral e tem critérios de hospitalização, ele é elegível para receber a medicação”, explica o secretário de Ciência do Ministério da Saúde. “Nesse tipo de paciente, quando pesamos a relação entre riscos e benefícios, os benefícios superam o risco. Pois é um paciente com potencial de letalidade alto”. Denizar lembrou que 80% dos infectados têm sintomas leves e, portanto, os riscos do uso da cloroquina podem ser maiores do que os benefícios para o paciente.

Parceria com a China

Mandetta anunciou uma parceria com a Embaixada da China no Brasil para a compra de material médico e hospitalar. “Hoje à tarde, conversei por telefone com o embaixador da China. Iniciaremos um trabalho conjunto com o ministro adjunto e com o encarregado de negócios, para que, a cada compra que formos fazer, a cada contrato que fizermos, garantir mais transparência e solidez. A gente fará isso contando com o apoio da Embaixada da China aqui no Brasil”.

Hospital de campanha

Mandetta falou sobre a construção do primeiro hospital de campanha em Águas Lindas, município goiano na região metropolitana de Brasília. “A unidade custará 10 milhões de reais e a entrega será feita em 15 dias, com a oferta de 200 leitos”.

Relaxamento de restrições

Questionado sobre o estudo da pasta que prevê critérios para a retomada gradual das atividades nos estados, Mandetta argumentou que não é o ministério “quem adota o grau de rigidez”. Ele esclareceu que cabe aos gestores locais avaliar a situação e implementar o que for mais adequado e proporcional.

Investimentos de R$ 1,3 trilhão

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que as medidas adotadas até gora somam mais de R$ 1,3 trilhão de reais, o equivalente de 16,7% do PIB brasileiro. Segundo ele, o país foi o que mais agiu em termos de suporte ao crédito e à liquidez diante da pandemia. “Nunca tinha sido feita uma liberação de capital nesse volume”, afirmou.

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  1. Os 04 erros do MANDETTA: Apoiou isolamento horizontal precoce impossível de ser mantido em país pobre quando mais precisarmos dele; desprezou testes universalizados afirmando que era desperdício; desaconselhou uso de máscaras; restringiu cloroquina para casos graves quando a medicação não funciona mais. Mandetta não tem formação científica é um clínico. Comentou erros médicos desastrosos na pandemia e deve sair por incompetência. PS não votei nem votaria no JB

  2. A imprensa está errando ao não esclarecer que os casos registrados não são de coronavírus e sim de covid-19, a doença que acomete uma pequena parte dos infectados pelo vírus. É assim como explicar que AIDS não é HIV. Os infectados, não se sabe quantos são, não há programa de testagem para isto no Brasil nem haverá tão cedo. E quem é infectado fica duas semanas transmitindo sem que ninguém saiba. A imprensa abandonou a parte mais importante do tema, que é esta capacidade enorme de transmissão.

  3. Santo Deus!!!! Doutores com PhD (coisa que o ortopedistazinho político não tem), já enfatizaram que após o quarto dia fica práticamente impossível salvar o paciente devido a fibrose pulmonar, ele fica insistindo com esse papo exdrúxulo. Queria ver se fosse alguém da família dele. Vinte anos atrás o Dr. Randas Batista cortou fora um pedaço do coração de seu paciente e o salvou. Médicos americanos ficaram pasmos, mas depois todos começaram a fazer o mesmo. Se mexa, Mandetta. Esqueça o Nhonho.

    1. Kkkkkkkkkkkkk. Albertinha cucaracha passando por aqui de novo? Desde quando cucaracha bozista se preocupa com o vírus? Ou você está mudando de lado? Segundo a narrativa de vocês o vírus não existe. Então porque agora vocês estão receitando remédios para uma coisa que não existe. Albertinha cucaracha, vai tomar o teu sonífero e dormir nas migalhas.

  4. Vamos combinar com a morte que aguarde a conclusão dos testes com a cloroquina, Garrincha? Pode até obrigar o Hopistal Prevent a parar de prescrever a cloroquina ao paciente com sintoma leve, né? Os velhinhos aguardarão entubados, já combinou com a morte, né?

  5. Um ministro da Saúde médico metendo medo noutro médico. Como pode isso? Como um remédio tão perigoso tinha venda livre e liberada nas fármacias? E se é tão perigoso, como é prescrito a dose diária e de forma contínua a tantos pacientes? Minha filha dos 12 aos 18 anos viveu com arritmia tomando 10mg de propanalol/dia. Nao dar pra ensinar médico a controlar uma arritmia de 7 dias de tratamento? Nao tem elecadiograma, não? Nao tem exame de sangue de urgência, não? E exame fundo de olho?

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