Jefferson Rudy/Agência Senado

Com dinheiro público, Alcolumbre paga imprensa do Amapá para promovê-lo

07.04.21 17:01

O ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre, do Democratas do Amapá, destinou 410,4 mil reais de sua cota parlamentar a dois veículos de imprensa para divulgarem seu trabalho no estado. A despesa, apresentada pelo senador somente em março deste ano, se refere ao gasto de 2020, de acordo com as notas fiscais reembolsadas pelo Senado.

Foram contratados por Alcolumbre para “divulgação das atividades parlamentares” o site Seles Nafes, que recebeu de janeiro a dezembro do ano passado um pagamento mensal de 6,7 mil reais, num total de 80,4 mil reais, e o jornal Diário do Amapá, que durante o mesmo período embolsou 27,5 mil mensais, perfazendo 330 mil reais. 

Em 2020, os dois veículos destacaram diversas passagens da atuação de Alcolumbre, sempre enaltecendo-a. Como durante o apagão do Amapá e na empreitada do parlamentar em busca da reeleição como presidente do Senado. A candidatura chegou a ser descrita no portal como “inevitável” e exaltada por “unir direita e esquerda” .

Mais recentemente, o site e o jornal deram ampla divulgação à usina de produção de oxigênio medicinal “articulada por Davi” e instalada no estado após doação do Ministério da Saúde. Os equipamentos são usados em situações de colapso e falta de oxigênio para casos graves da Covid-19.

Ainda que mencionem serviços prestados em 2020, todas as notas fiscais foram emitidas pelos veículos em março de 2021. No dia 17 de março, em um intervalo de 14 minutos, o jornal expediu as doze notas referentes a 2020. No dia 11, o site fez o mesmo, em pouco menos de uma hora. O expediente é semelhante ao adotado por uma empresa de assessoria de comunicação contratada pelo parlamentar que emitiu doze notas no dia 17 de março, totalizando 27,6 mil reais, referentes também a 2020.

“As normas internas aprovadas pelo Senado Federal permitem que as despesas realizadas pelo senador relacionadas ao exercício do mandato possam ser ressarcidas, dentre as quais os serviços de consultorias e assessorias, mediante a apresentação de comprovantes de despesas do exercício anterior à conta da Cota Parlamentar será efetuada até o último dia útil do mês de março do ano seguinte”, diz Davi Alcolumbre, em nota oficial.

Em 2019, o parlamentar chegou a defender na Justiça o direito de senadores manterem em sigilo suas notas fiscais. Após ser pressionado por organizações da sociedade civil, o então presidente do Senado liberou o acesso às notas, mas apenas aquelas apresentadas a partir de 1º de julho daquele ano, mantendo as anteriores sob segredo. 

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
Mais notícias
Assine agora
TOPO