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Com acordo de paz, Talibã deve proclamar vitória

22.02.20 12:04

Os Estados Unidos devem assinar um acordo de paz com o grupo terrorista Talibã (foto) no Afeganistão no próximo dia 29 de fevereiro.

Pelo pacto, o Talibã e o governo do Afeganistão deverão liberar prisioneiros. O grupo terrorista se comprometerá a não realizar mais ataques e a parar de apoiar outros grupos terroristas, como a Al Qaeda. Os Estados Unidos deverão retirar 5 mil dos 13 mil soldados no país.

“Nunca fui otimista com esse acordo. Ao contrário da maioria dos estados ou dos grupos políticos, o Talibã tem uma ideologia extremista e não fará concessões em suas crenças profundamente arraigadas, que eles consideram divinas”, diz Husain Haqqani, diretor do Hudson Institute em Washington e ex-embaixador do Paquistão nos Estados Unidos.

Para Haqqani, o acordo será usado politicamente pelo Talibã. “Isso é perigoso porque o Talibã proclamará a vitória. O Talibã dirá a seus apoiadores que eles expulsaram os americanos da mesma maneira que os soviéticos foram enxotados décadas atrás. Esse acordo apenas aumentará a beligerância do Talibã em relação a outros afegãos daqui para frente, incluindo o governo afegão”, diz Haqqani.

Além de fortalecer o Talibã, o acordo pode permitir um ressurgimento da Al Qaeda. Foi o apoio dado a esse grupo que levou os Estados Unidos a iniciarem uma guerra no Afeganistão em 2001.

O Talibã já prometeu parar de dar suporte à Al Qaeda antes e não cumpriu. Nos anos 1990, o Talibã assumiu vários campos de treinamento usados por grupos árabes afiliados à Al Qaeda. Na época, o vice conselheiro de assuntos internacionais do Talibã, Abdul Jalil, jurou aos americanos que os árabes tinham fugido dos campos e que a localização de Osama Bin Laden era desconhecida. Em 2001, Bin Laden executou o ataque terrorista às Torres Gêmeas em Nova York, deixando mais de 2 mil mortos.

“Os americanos acreditam que as negociações oferecem uma oportunidade para acabar com uma guerra cara e impopular, mas eles não devem esquecer o histórico de enganações do Talibã. Não há evidências de que o grupo tenha mudado”, diz Haqqani.

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