Marcos Corrêa/PR

Citando ‘gripezinha’, relatório da ONU faz crítica velada à gestão de Bolsonaro na pandemia

16.09.20 07:32

Não é mero acaso que governos que duvidaram de medidas preventivas contra a pandemia – como Brasil, Estados Unidos e Rússia – lideram os rankings de infectados e falecidos pela Covid-19. A avaliação consta de um relatório sobre a gestão da pandemia do coronavírus que será debatido na próxima sexta-feira, 18, pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra. O documento produzido por Baskut Tuncak, relator especial das Nações Unidas para substâncias tóxicas, traz uma série de recados e críticas veladas à atuação de Jair Bolsonaro e outras autoridades mundiais ao lidarem com a pandemia. 

“Uma pandemia dessa magnitude era evitável. O fracasso decorre de chefes de governo que colocam os interesses econômicos ou políticos antes das preocupações nacionais de saúde. Isso se refletiu em sua ausência de precaução, resposta lenta e rejeição de medidas preventivas, falta de transparência agravada pela desinformação, as declarações insensíveis e indesculpavelmente irresponsáveis de certos líderes políticos”, denuncia o relatório. 

Tuncak faz referência até mesmo ao termo usado por Bolsonaro ao se referir ao novo coronavírus. “Alguns líderes políticos chegaram a tratar o vírus como uma ‘gripezinha’, contribuindo para, em seus países, o maior número de infecções e mortes registradas no mundo. Eles rejeitaram publicamente as recomendações de cientistas e da OMS, espalharam desinformação e minimizaram o risco, contribuindo para a subestimação da pandemia. Alguns também pediram a desregulamentação ambiental enquanto o público ‘se distrai’ com a COVID-19”, diz o texto. 

Ao longo das últimas semanas, Jair Bolsonaro tem reiterado que a OMS não tem credibilidade. O chefe do Planalto chegou a aventar a possibilidade de sair da organização, seguindo os passos de Donald Trump, depois de criticar o caráter “partidário” do organismo. O relatório da ONU será debatido na antessala da sessão de abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, onde Bolsonaro discursará por meio de um vídeo gravado, no dia 22 de setembro. 

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