Adriano Machado/Crusoé

Ciro quer em 2022 o que ‘quase viveu’ em 2002

14.05.21 11:18

Em agosto de 2002, o então candidato da Frente Trabalhista formada por PPS, PTB e PDT, Ciro Gomes, rumava célere para o segundo turno contra Lula. Pesquisas apontavam que ele já havia deixado a candidatura tucana de José Serra, candidato de FHC, comendo poeira e empatava tecnicamente em primeiro lugar com o petista. O resto é história. Ciro tropeçou nos próprios atos e palavras e, em dois meses, sua candidatura praticamente se desintegrou, fazendo com que ele terminasse o primeiro turno em quarto lugar com 11%, atrás de Anthony Garotinho.

Até o início do programa eleitoral, no entanto, ou seja, até a debacle, Ciro conseguia atrair votos principalmente da centro-direita, àquela altura, insatisfeita com os rumos do governo FHC, a ponto de não conseguir votar no escolhido pelo PSDB para ser o seu sucessor.

Esse é o cenário dos sonhos de Ciro agora: ele quer conquistar a direita que se desiludiu com Bolsonaro para disputar o segundo turno contra Lula, numa espécie de “saudade do que a gente não viveu” em 2002. É o que o presidenciável tem dito por aí em conversas com aliados e o que o presidente do PDT, Carlos Lupi, ecoa. Por isso mesmo, o pedetista incorporou à sua equipe o liberal de quatro costados Paulo Rabello de Castro, ex-presidente do BNDES. Ciro sabe que os liberais que embarcaram na canoa de Bolsonaro já pularam do barco faz tempo e estão à procura de um candidato para chamar de seu.

Não será uma tarefa fácil para o marqueteiro João Santana, hoje à frente da campanha. A mais recente pesquisa Datafolha é um desastre para Ciro, assim como foi também para o presidente Jair Bolsonaro. A raia que ele ocupa desde que resolveu virar ministro de Lula, a esquerda/centro-esquerda, está dominada exatamente por Lula – o petista lidera a corrida eleitoral de 2022 com 41%, contra 23% de Bolsonaro e apenas 6% de Ciro. Além de ainda faltar um quarto elemento na disputa, o propalado candidato da aliança de centro, não será tão simples o eleitorado, sobretudo o de direita, um dia simpático à sua candidatura, esquecer o que Ciro fez nos verões passados.

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
Mais notícias
Assine agora
TOPO