Adriano Machado/Crusoé

‘Chega de frescura, de mimimi. Vão ficar chorando até quando?’, diz Bolsonaro sobre Covid-19

04.03.21 14:04

O presidente Jair Bolsonaro (foto) ignorou o recorde de mortes diárias provocadas pelo novo coronavírus no Brasil e afirmou nesta quinta-feira, 4, que o país deve deixar de lado a “frescura” e o “mimimi” em relação à pandemia.

Bolsonaro minimizou a gravidade da crise sanitária durante discurso na cerimônia de inauguração da operação no trecho da ferrovia Norte-Sul, que corta o Triângulo Mineiro. O pronunciamento em São Simão, no interior de Goiás, ocorreu um dia após o Ministério da Saúde contabilizar 1.910 óbitos por Covid-19 em 24 horas, o maior número desde o início da pandemia.

Do alto de um palco, Bolsonaro elogiou os produtores rurais pela continuidade do trabalho em meio à crise e indagou “onde vai parar o Brasil” se todos pararem, referindo-se à decisão de governadores e prefeitos de ampliar as medidas restritivas para frear a circulação do vírus diante do iminente colapso do sistema de saúde.

Vocês [produtores rurais] não ficaram em casa. Não se acovardaram. Nós temos que enfrentar nossos problemas. Chega de frescura, de mimimi. Vão ficar chorando até quando? Temos que enfrentar os problemas. Respeitar, obviamente, os mais idosos, aqueles que têm doenças, comorbidades. Mas onde vai parar o Brasil se nós pararmos?“, disse.

Para justificar a postura, Bolsonaro recorreu à bíblia. “A própria Bíblia diz, em 365 citações: ‘Não temas’. Eu sou católico, acredito em Deus. Respeitamos as religiões. Mas, se ficarmos em casa o tempo todo… E dizem que ‘a economia a gente vê depois’. Uma parte estamos vendo agora, o que foi essa política. Qual  futuro do Brasil? O efeito colateral do tratamento errado do Covid, que venho falando há um ano, é muito mais danoso que o próprio vírus”, emendou.

O presidente pediu que governadores e prefeitos “repensem a política do fechar tudo“. “Vamos combater o vírus, mas não de forma ignorante, burra, suicida“, disparou. “Temos um problema que é o vírus. Tem que enfrentar. Não adianta ir pra debaixo da cama. Lamentamos as mortes, mas temos que conviver e vencer. O Brasil é um dos países que mais vacinam no mundo. Não tem que falar de mim, falam agora que sou negacionista.”

Na noite de quarta-feira, 3, o próprio ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, reconheceu que o país chegou a “um grave momento da pandemia e alegou que “as variantes do coronavírus nos atingem de forma agressiva”. O general alertou para a importância de que todos “mantenham os cuidados preventivos e individuais para diminuir o risco de ficar doente”.

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
Mais notícias
Assine agora
TOPO