Reprodução/Jovem Pan News

Brigas entre ministros e bate-boca em entrevista: sob Bolsonaro, o governo virou uma balbúrdia sem fim

27.10.21 16:58

Que Jair Bolsonaro, com seus gestos, atos e verborragia chula, desmoralizou a Presidência e banalizou a própria palavra oficial do presidente da República, é mais do que sabido. Seus seguidores gostam de alardear que a postura, de quem não tem a dimensão da importância do cargo que ocupa, revelaria “autenticidade”, característica que o aproximaria do brasileiro comum. O problema é que, não raro, o “sincerão” abre a boca, a Bolsa cai, o dólar sobe e a economia vai para o buraco. Isso quando não provoca mortes, decorrentes do show de desinformação sobre a pandemia.

A julgar pelas recentes pesquisas de opinião, o brasileiro comum está ficando farto desse clima permanente de balbúrdia. Para além das consequências já conhecidas e deletérias para o país, esse comportamento de como se estivesse numa discussão – de baixíssimo nível – no bar da esquina, parece ter contaminado o restante do governo.

Nos últimos dias, o país assistiu, não mais tão surpreso assim, a ministros de estado agindo nos bastidores para tentar derrubar um outro ministro, no caso o da Economia, Paulo Guedes, e este mesmo ministro a disparar petardos publicamente contra o Itamaraty e a chamar um outro colega de primeiro escalão de “burro” – o alvo em questão foi o astronauta e ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes.

Nesta quarta-feira, 27, coube ao presidente emoldurar o retrato do que virou a Presidência da República, sob sua direção. Em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan, Bolsonaro bateu boca com o humorista André Marinho, em tom de lavagem de roupa suja, depois que o apresentador o questionou se “rachador”, numa referência irônica ao esquema de rachid operado no gabinete do “01” Flávio Bolsonaro na Alerj, deveria ir para a cadeia. “Ô, Marinho, você sabe que eu sou presidente da República, eu respondo sobre os meus atos, tá ok? Não vou aceitar provocação sua. Não vou aceitar. Não vou aceitar. O teu pai (Paulo Marinho) é o maior interessado na cadeira do Flávio Bolsonaro. O teu pai quer a cadeira do Flávio Bolsonaro. Eu decidi com o Flávio indicar teu pai. Não tem mais conversa contigo”, disse o presidente.

André Marinho é filho do político e empresário Paulo Marinho – suplente no Senado de Flávio Bolsonaro e, atualmente, desafeto político do presidente. Em 2018, seu pai foi grande entusiasta da candidatura de Bolsonaro, a ponto de sua mansão no Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio, ter virado QG da campanha presidencial. Os dois romperam ainda em 2019, no rastro da saída de Gustavo Bebianno, então ministro da Secretaria-Geral da Presidência, do governo.

Na sequência da entrevista, após uma áspera discussão entre Marinho e o ex-BBB Adrilles Jorge, conhecido defensor do presidente, Bolsonaro, dedo em riste, disse que se o filho do ex-aliado aparecesse “na tela mais uma vez”, ele ia “embora”, o que, ao fim e ao cabo, acabou acontecendo. Como uma criança mimada que acabara de ser contrariada, o presidente fechou o cenho e abandonou o local, em Manaus, de onde concedia a entrevista por videoconferência.

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