Marcos Corrêa/PR

Bolsonaro sobre teste: ‘Minha palavra vale mais que um pedaço de papel’

26.03.20 19:28

O presidente Jair Bolsonaro (foto) voltou a se esquivar de questionamentos sobre a divulgação dos resultados de seus exames para o novo coronavírus nesta quinta-feira, 26. “Estou bem, não estou infectado. Minha palavra vale mais que um pedaço de papel”, alegou.

Ao cravar que não apresentará o documento, o chefe do Planato valeu-se de doses de ironia e desrespeito. “Pra que você quer saber, cara? Você dorme comigo?”, perguntou, aos risos. “Estou bem. Brasileiro tem que ser estudado, não pega nada. O cara pula no esgoto e não dá nada”, emendou.

Na conversa com a imprensa, em frente ao Palácio da Alvorada, o presidente ainda mostrou que não se arrepende do pronunciamento oficial veiculado na terça-feira, 24, em que critica governadores e prefeitos. Ao invés de recuar e buscar o consenso, partiu para o ataque mais uma vez. “Eu já fiz a minha parte, alertando. Com as palavras duras ou toscas, mas verdadeiras”, disse. 

Para o chefe do Executivo, os gestores estaduais e municipais “exageraram na dose” e as medidas restritivas provocaram “uma catástrofe”. “O turismo passou para zero. Ninguém mais faz turismo. A rede hoteleira está fechada, com 10% da capacidade ocupada. Não existe mais diarista, manicure. Barbeiro não atende mais ninguém, Uber não roda”, listou.

Na visão de Bolsonaro, o desemprego provocado por ações como o fechamento do comércio mostra-se mais preocupante do que a doença que, em um mês, matou 77 pessoas e infectou outras 2.915 no país, antes de chegar ao pico. Ele avaliou que as primeiras vítimas da pandemia foram os 38 milhões de trabalhadores autônomos, que agora “passam fome por causa da histeria levada pela mídia e por políticos”.

“Dá para entender que essa onda é muito pior que o vírus?”, questionou. “A grande onda é o desemprego. O presidente da Câmara disse que estou preocupado com quem aplica na Bolsa. Eu nunca entrei na Bolsa”, afirmou. A fala do presidente faz referência à recente declaração de Rodrigo Maia. Em reunião com governadores, na quarta-feira, 25, o deputado alegou que a postura de Bolsonaro decorre da pressão de investidores. 

Na tentativa de reverter a situação, o chefe do Planalto reforçou que pretende implementar o “isolamento vertical”, modelo em que o distanciamento restringe-se a integrantes do grupo de risco, como idosos e pessoas com doenças crônicas. 

Bolsonaro assegurou que o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, “está convencido” de que esta é a melhor estratégia. De acordo com o presidente, cabe à população manter seus idosos isolados. “O brasileiro tem que entender que quem salva a vida dele é ele”, disse.

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