Isac Nóbrega/PR

Bolsonaro nega racismo, mas comissão da Presidência faz campanha contra preconceito

23.11.20 12:34

No Dia da Consciência Negra, celebrado na sexta-feira, 20, o presidente Jair Bolsonaro usou as redes sociais para minimizar o racismo no Brasil. O chefe do Planalto disse que é “daltônico” e argumentou que “todos têm a mesma cor”. Ainda pregou contra aqueles que, segundo ele, “instigam o povo à discórdia, fabricando e promovendo conflitos”. “Seu lugar é no lixo”, escreveu o presidente. O vice Hamilton Mourão já havia polemizado ao afirmar que “não existe racismo no Brasil”. Apesar das declarações negacionistas das duas maiores autoridades do Executivo, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República colocou o combate ao racismo entre as prioridades do colegiado.

Vinculada ao presidente da República, a comissão é uma instância consultiva do chefe do Planalto. Na semana passada, o órgão celebrou o Dia da Consciência Negra com a publicação de um boletim especial contra o racismo. No documento, a advogada Roberta Muniz Codignoto, nomeada por Bolsonaro para o colegiado em setembro, defendeu a necessidade de “rechaçar o racismo e o preconceito: confrontando comportamentos preconceituosos; denunciando condutas imorais; e tomando decisões que deem espaço e visibilidade à nossa diversidade”.

Ainda segundo a advogada, “o servidor público deve ser exemplo de integridade em todas as esferas de sua vida e combater o racismo em suas mais variadas formas é demonstração de seu compromisso inegociável com a sociedade”. Ela lembrou que, além de crime, o racismo representa uma falta ética do servidor.

O boletim temático da Comissão de Ética Pública da Presidência trouxe ainda um depoimento do servidor da Anvisa Luiz Augusto da Cruz, atual presidente da Comissão de Ética do órgão. Ele criticou a ausência de negros em cargos da cúpula da agência reguladora. “No microcosmos da Anvisa, por exemplo, com pouco mais de 20 anos, na Diretoria Colegiada que tem cinco cadeiras, nunca houve um diretor negro. É fácil contar nos dedos os demais cargos de gestão ocupados por negros. Essa participação é inexpressiva”, criticou Luiz Augusto.

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